"Há muitos interesses de que o Brasil não fique condicionado ao Bolsonaro ou ao ex-presidente Lula. E, em especial, interesses por parte de um grande empresariado, setor financeiro, principalmente, agronegócio", afirma Gurgel em entrevista à Sputnik Brasil.
"Para as candidaturas às cadeiras no parlamento, as eleições para um voto proporcional, a gente já consegue ver que essa disputa, em combate ao machismo, já começa a encontrar efeitos mais concretos. Mas nessas disputas de maior espectro, mais superestruturais, em que as forças se exercem de maneira mais direta, eu diria que essa luta é uma luta ainda com poucos resultados e a aparência não diz muito sobre ela", explica Gurgel.
Mais fôlego para a 3ª via
"A gente pode entender que a candidatura da senadora é uma candidatura que imprime um certo respiro, dá um fôlego à terceira via, porque envolve um setor ligado ao grande empresariado, ao setor mais entreguista do Brasil, ao setor mais fisiológico, a um setor mais flexível no que diz respeito ao mercado político", diz.
'Não há muito espaço para tantas candidaturas'
"Essas eleições de 2022 vão nos lembrar muito as eleições da redemocratização, onde surgiram várias candidaturas, mas algumas tenderam a se consolidar mais do que outras. Essa é a tendência em geral", afirma.
"O que se vislumbra, ao nosso ver, é um esgotamento da própria candidatura do Jair Bolsonaro [PL] por alguns eleitores encontrarem nessa terceira via uma alternativa. Mas essa terceira via, muito pulverizada em muitas candidaturas, vai dividir votos, o que pode, sim, favorecer a candidatura do ex-presidente Lula [PT]", conclui.