Diferente do teor da sua campanha eleitoral de 2018, a qual foi sustentada no pilar do combate à corrupção, o presidente, Jair Bolsonaro (PL), busca outra estratégia para tentar a reeleição: criação de programas sociais com intuito de atrair a população de renda mais baixa.
A tática seria não só para atrair essa parte da população, mas também para neutralizar seu principal adversário e líder das pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Até hoje, o petista é amplamente lembrando pelos programas sociais de seu governo.
Além do Auxílio Brasil, que substituiu o Bolsa Família neste mês com um benefício mínimo de R$ 400, Bolsonaro tem acenado com outras medidas para famílias inscritas no Cadastro Único, porta de acesso a benefícios sociais do governo.
O cadastro se destina principalmente a famílias com renda per capita mensal de até meio salário mínimo, faixa que engloba cerca de 63 milhões de pessoas, segundo dados do IBGE citados pelo O Globo.
Este universo, que corresponde a 30% da população, é considerado decisivo para a eleição presidencial por especialistas, de acordo com a mídia.
Evento de filiação do presidente Jair Bolsonaro no PL, no qual um telão mostrou a cerimônia às pessoas com a frase "O presidente que faz o maior programa social do mundo", 30 de novembro de 2021
© Folhapress / Pedro Ladeira
Simultaneamente, o presidente também regulamentou um vale-gás para famílias provenientes do mesmo grupo que recebe até meio salário mínimo, e que deve custar R$ 1,9 bilhão em 2022 aos cofres públicos.
"Obviamente há um pano de fundo de desconstruir mais uma mentira do PT, de que quem é de direita ou conservador ignora a população mais pobre. Os conservadores defendem que o Estado esteja presente nos lugares que forem necessários" afirmou o senador e elaborador da campanha do pai Flávio Bolsonaro (Patriotas) à mídia.
Na avaliação de Flávio, o PT vai recorrer aos auxílios concedidos durante os governos petistas para atrair o eleitorado: "Essa é uma linha que eles usaram em 2018 e certamente vai estar forte também na campanha em 2022", declarou.
De acordo com o cientista político Carlos Pereira citado pela mídia, com o alto nível de desigualdade do Brasil, candidatos já notaram que a dinâmica de programas sociais traz eleitorado. "Em função da grande desigualdade social do Brasil, se percebeu que essas políticas de transferência de renda geravam retornos eleitorais", analisou.