"Uma séria preocupação é suscitada pelo aumento de agrupamento militar dos EUA e da OTAN junto às fronteiras russas, bem como a realização de exercícios de grande escala, incluindo não planejados", disse líder russo nesta terça-feira (21) em uma reunião alargada do Ministério da Defesa.
"Estamos extremamente preocupados que perto da Rússia estejam sendo implantados elementos do sistema global de defesa antimíssil dos EUA", acrescentou Putin.
De acordo com ele, "lançadores de mísseis MK-41 implantados na Romênia e previstos para serem implantados na Polônia são adaptados para utilização de sistemas de ataque Tomahawk. Se esta infraestrutura avançar, se os sistemas de mísseis dos EUA e OTAN surgirem na Ucrânia, o seu tempo de voo até Moscou será reduzido para 7-10 minutos, e no caso de implantação de armas hipersônicas para 5 minutos", afirmou chefe de Estado da Rússia.
Putin reiterou as exigências das garantias de segurança, salientando que foi o presidente dos EUA Joe Biden quem propôs a nomeação de enviados para negociações sobre a estabilidade durante a conversa entre eles em dezembro relativamente à situação na Ucrânia.
Ao menos deve haver acordos legais, e não verbais, por parte dos EUA sobre as garantias de segurança, observou presidente russo.
"Devem existir pelo menos acordos juridicamente vinculativos e não garantias verbais. Sabemos bem o valor dessas garantias, palavras e promessas verbais", ressaltou Putin.
Os EUA são responsáveis pela escalada das tensões na Europa, sublinhou presidente russo.
"Aquilo que está acontecendo agora, esta tensão que está se desenvolvendo, é culpa deles. A cada passo Rússia foi forçada a responder de alguma forma, a cada passo a situação continuava se deteriorando e se degradando. Agora estamos em uma situação em que temos que decidir alguma coisa", apontou líder da Rússia durante a reunião.
Certas pessoas detratoras da Rússia interpretam as propostas de garantias de segurança como um ultimato, mas isso não é assim, disse Putin.
"Já estamos vendo que alguns dos nossos detratores, digo francamente, interpretam [as propostas] como um ultimato por parte da Rússia. É um ultimato ou não? Claro que não", explicou presidente.
Além do mais, Putin recordou aos EUA sobre a destruição da Iugoslávia, sem qualquer direito de fazê-lo, e da entrada no Iraque e na Síria, observando que os EUA "fazem o que querem".
"Nossos parceiros, digamos assim, os EUA, em anos anteriores, supostamente salvaguardando os seus interesses e segurança a milhares de quilômetros do seu território nacional, cometeram as coisas mais duras sem qualquer autorização do Conselho de Segurança da ONU. A Iugoslávia foi bombardeada – com que pretexto? Foi com autorização do Conselho de Segurança? Onde está a Iugoslávia e onde estão os EUA? Destruíram o país. Sim, havia um conflito interno, havia problemas, mas quem deu o direito de atacar uma capital europeia? Ninguém. Simplesmente decidiram assim, e os [Estados] satélites corriam atrás deles e ladrinchavam", comentou presidente.
Putin acrescentou ainda que os EUA também entraram no Iraque, "destruíram o país e criaram um foco de terrorismo internacional. E depois revelou-se que eles estavam errados. E descobriu-se que [o serviço] de inteligência falhou-nos. Destruíram um país – foi a inteligência que falhou. E essa foi a explicação".
Na semana passada, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia apresentou projetos de acordos sobre garantias de segurança entre a Rússia, EUA e OTAN.