De acordo com a Metsul, a quantidade de água que caiu sobre a Bahia nos últimos dias ficou acima da normalidade. Um conjunto de fenômenos meteorológicos raros tem causado essa "anomalia" no clima baiano.
A empresa utilizou dados da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA, na sigla em inglês), a agência climática do governo dos Estados Unidos, escreve o jornal O Globo.
O mapa de anomalia de precipitação, que mostra as chuvas entre os dias 24 de novembro e 24 de dezembro, mostra áreas da Ásia, perto da Indonésia, com volume mais abrangente de águas, mas a região do estado da Bahia é a maior do mundo tratando-se de precipitação.
A tragédia baiana foi deflagrada por um fenômeno chamado Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), um canal de umidade trazida do mar que "estaciona" sobre determinadas áreas, causando chuva intensa.
"A ZCAS se espalhou pela Bahia, o que é totalmente fora do normal, e despejou aguaceiros em uma região de cerca de mil quilômetros ao norte da que costuma ocorrer. Esse fenômeno, que por si só já seria raro, aconteceu duas vezes no mesmo mês", destaca um cientista ouvido pela reportagem.
O volume alto de chuvas explica as inundações inéditas em tantas cidades do estado. No momento, o município que registra os maiores índices de precipitação é Itamaraju, no sul da Bahia, com 769,8 mm registrados no mês de dezembro.
Isso equivaleria a cinco vezes mais do que a média de precipitação do mês, que costuma ficar entre os 148,0 mm. Outra cidade baiana com registros elevados é Lençóis. Entre os dias 1º e 27 deste mês, a média foi de 578,0 mm, 445,4 mm acima média histórica do mês.
A Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) divulgou na terça-feira (28) que já são 21 mortes confirmadas pelas fortes chuvas que atingiram o estado nos últimos dias. Mais de 130 cidades baianas estão em decreto de situação de emergência por conta do temporal.
Entre os municípios que tiveram casos de vítimas fatais, estão Itamaraju, com quatro mortes; Jucuruçu, com três vítimas; Amargosa, Itaberaba, Prado, Ilhéus e Itabuna, todas com duas mortes; Macarani, Ruy Barbosa, Itapetinga e Aurelino Leal, com uma vítima.