Segundo a agência de notícias Reuters, a política de revisão de fusões sob o antecessor de Biden, Donald Trump, foi reaproveitada para essencialmente cortar as aquisições chinesas de empresas americanas em uma série de setores, de semicondutores a aeroespacial e até hotéis em locais sensíveis.
Para poder bloquear negócios sem explicação pública, o Comitê de Investimento Estrangeiro dos Estados Unidos ganhou um mandato ampliado, incluindo novos poderes para bloquear investimentos minoritários.
Desde 2017, o volume total de negócios dos EUA com compradores chineses vem caindo, até um total de cerca de 60%, de acordo com a Dealogic, entregando apenas US$ 5 bilhões (cerca de R$ 28 bilhões) em 2021, quando as negociações mundiais bateram recordes em transações.
As autoridades antitruste também estão tentando restringir os negócios domésticos a todo custo. O risco, no entanto, é que ao fazer isso, impeçam as empresas americanas de competir com rivais estrangeiras.
A indústria aeroespacial e de defesa correm risco especial neste sentido. Um exemplo é a oferta da Lockheed Martin para adquirir a fabricante de foguetes Aerojet Rocketdyne. O negócio de US$ 4,4 bilhões (aproximadamente R$ 24.554 bilhões) foi fechado em 2020, mas os reguladores não vão opinar se ele pode prosseguir até 2022. Com isto, o chefe da Lockheed, James Taiclet, alertou que o atraso coloca a China em vantagem, dizendo que as preocupações antitruste são "diminuídas" pelo custo de manutenção ofertas de volta.
O precedente para a argumentação de Taiclet remete ao caso da Northrop Grumman Corporation que comprou a fabricante de mísseis Orbital ATK, em 2017, por US$ 9,2 bilhões (cerca de R$51.326 bilhões). Na ocasião, a Comissão Federal de Comércio (FTC na sigla em inglês) aprovou o negócio apesar das dúvidas, a fim de preservar "benefícios" para o Departamento de Defesa - que pode preferir um fornecedor mais forte a um mercado mais fragmentado.
O Departamento também está envolvido na revisão dos planos da Lockheed, trabalhando ao lado da FTC que agora é dirigida por uma cética declarada em relação a fusões e indicada por Biden, Lina Khan.
Em 2022, a tendência é que a postura transborde para outros setores cujos executivos almejem crescimento, e nos quais, a China, ou é concorrente, ou elemento disruptivo.
Mesmo setores como petróleo e gás poderiam considerar que permitir a fusão de empresas é um dever patriótico. Se a festa de fusões e aquisições continuar, podemos esperar que a China seja aquele vizinho que não foi convidado, sentado à mesa.