Tempestades tropicais podem atingir cidades populosas como Pequim, Nova York e Tóquio devido ao aumento das temperaturas causado pela mudança climática.
Pesquisadores da Universidade de Yale (EUA) apontam em novo estudo, publicado na quarta-feira (29), que ciclones tropicais, furacões e tufões costumam ser mais intensos e destrutivos em latitudes mais baixas. No entanto, o aquecimento global causado pelas emissões de gases de efeito estufa pode fazer com que essas tempestades migrem para o norte e para o sul em seus respectivos hemisférios e atinjam latitudes médias.
"Esta pesquisa prevê que os ciclones tropicais no século XXI provavelmente ocorrerão em uma faixa mais ampla de latitudes do que tem sido normal na Terra nos últimos 3 milhões de anos", disse o autor do estudo e físico do Departamento de Ciências da Terra e Planetárias de Yale, Joshua Studholme.
O cientista mencionou a tempestade subtropical Alpha que atingiu Portugal, em setembro de 2020, e avisou que se tratava de um fenômeno nunca antes observado. "Tínhamos uma tempestade tradicional de latitude média", observou Studholme, "mas ela quebrou, e sua quebra proporcionou as condições certas para a formação de um ciclone tropical, o que nunca havia acontecido com Portugal antes".
Os pesquisadores também explicaram que os furacões tendem a ficar longe das correntes de jato, "faixas de vento de oeste para leste que circundam o planeta", e se formam em latitudes baixas sobre os oceanos tropicais, como regra geral. No entanto, eles revelaram que, com o aquecimento climático, as diferenças de temperatura entre o equador e as regiões polares vão diminuir, enfraquecendo essas correntes e abrindo caminho para os ciclones tropicais em direção às latitudes médias, ou seja, as áreas mais populosas do planeta onde a maior parte das atividades econômicas são desenvolvidas.
"O controle sobre isso é o gradiente de temperatura entre os trópicos e os polos, e isso está intimamente relacionado à mudança climática geral", disse Studholme, acrescentando que "até o final deste século, a diferença nesse gradiente entre um cenário de alta emissão e um cenário de baixa emissão é dramático". "Isso pode ser muito significativo em termos de como esses furacões se desenvolvem", concluiu.