Panorama internacional

Mídia: Mossad colocou bombas em empresas europeias em 1981 para parar programa nuclear do Paquistão

Segundo mídia suíça, o Mossad atacou diretamente e ameaçou pessoas e empresas suíças e alemãs relacionadas ao desenvolvimento do programa nuclear paquistanês nos anos 1980.
Sputnik
Em 1981, o serviço de inteligência e espionagem israelense Mossad colocou bombas em empresas da Alemanha e da Suíça que ajudavam a desenvolver o programa nuclear do Paquistão, de acordo com o jornal Neue Zurcher Zeitung (NZZ) suíço, que citou novos documentos de arquivo em Berna, Suíça, e Washington, EUA.
Assim, o artigo publicado no sábado (1º) cita o exemplo de Eduard German, da direção administrativa da CORA Engineering, cuja residência em Berna foi alvo de bomba em 20 de fevereiro de 1981, apesar de ele sobreviver à explosão. A CORA tinha fornecido a Islamabad uma unidade de gaseificação e solidificação em 1979, e se preparava para exportar uma nova.
O segundo alvo foi o escritório da Walischmiller Engineering em Markdorf, Alemanha, que foi alvo de explosão em 18 de maio de 1981, enquanto em 18 de novembro desse ano, o mesmo aconteceu com a casa de Heinz Mebus, um engenheiro da Alemanha Ocidental que ajudou o Paquistão a construir suas primeiras fábricas de conversão de flúor e urânio em 1979, e que teria se encontrado com especialistas nucleares paquistaneses. Na ocasião, uma carta-bomba matou seu cachorro.
Muitas das vítimas também teriam recebido ameaças por telefone para pararem suas atividades.
A campanha terrorista acabou por falhar, visto que diversas empresas assinaram posteriormente contratos lucrativos com o governo paquistanês de Muhammad Zia-ul-Haq, segundo o NZZ. O país asiático detonou cinco bombas nucleares subterrâneas em 28 de maio de 1998, se tornando a oitava potência nuclear do mundo e o terceiro fora do Conselho de Segurança da ONU.
Ex-engenheiro israelense diz que Mossad explodiu peças da usina nuclear iraquiana na França em 1979
As polícias da Suíça e da Alemanha Ocidental nunca conseguiram encontrar os organizadores dos ataques, sendo estes assumidos por organizações obscuras nunca mencionadas antes ou depois.

Israel contra programas nucleares rivais

Além destas revelações, uma biografia de Michael Ron, antigo engenheiro no reator nuclear israelense de Dimona, intitulada "A Sabra Tranquila" ("The Quiet Sabra"), e publicada em janeiro de 2021, relatou que o Mossad detonou cinco bombas na fábrica da companhia CMIM em La Seyne-sur-Mer, Toulon, França, onde estavam sendo construídos vários núcleos de reatores para o reator iraquiano Osirak.
No entanto, as instruções não teriam sido seguidas corretamente, impedindo a destruição total dos reatores, e obrigando a Força Aérea de Israel a conduzir um ataque aéreo contra o próprio Osirak em 7 de junho de 1981. Ironicamente, o Irã ajudou Israel a conduzir o bombardeamento, devido a Teerã estar na época envolvido em uma guerra direta com Bagdá.
Em dezembro de 2021, o jornal The Jewish Chronicle escreveu igualmente que o Mossad colaborou com cientistas nucleares do Irã, e os fez acreditar que trabalhavam com grupos iranianos dissidentes no exterior, fazendo com que bombardeassem com drones instalações nucleares do país em Natanz e Karaj em 2020 e 2021.
Teerã, por sua vez, defende que renunciou ao programa de armamento nuclear em 2003, mas a inteligência das Forças de Defesa de Israel (FDI) afirma que a purificação de urânio por parte do Irã não tem precedentes para construir uma arma nuclear.
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