A administração de Joe Biden, presidente dos EUA, deve reforçar as sanções contra o Irã no que toca ao fornecimento de petróleo emergencial à Síria, segundo Andrew Tabler, ex-conselheiro do enviado especial do Departamento de Estado norte-americano à Síria (2020-2021).
Tabler acusou Biden em um artigo publicado na segunda-feira (3) na revista The National Interest de permitir a ajuda energética "apesar de os fornecimentos de Teerã serem uma violação flagrante tanto das sanções dos EUA como da política declarada da administração para garantir uma solução alinhada com a Resolução 2254 do Conselho de Segurança da ONU, que apela a um processo liderado pela Síria que criaria um fim permanente, pacífico e político do conflito".
Assim, o ex-funcionário norte-americano recomendou impor novas restrições a entidades iranianas que oferecem assistência à Síria.
"Não há melhor sítio" para começar a aumentar a pressão sobre a Síria que "visando os fornecimentos de petróleo do Irã ao Hezbollah através de portos sírios", disse Andrew Tabler, recomendando para isso sancionar a Companhia Nacional Iraniana de Petroleiros e a Companhia Nacional de Petróleo do Irã. Isso, prevê, "enviaria uma mensagem poderosa ao regime que a continuação da dependência da energia iraniana teria um preço".
Estas medidas ajudariam a cumprir os objetivos dos EUA "e afastar [o presidente sírio Bashar] Assad do Irã", de acordo com o ex-conselheiro do Departamento de Estado.
Tabler admitiu no final de 2020 que mentiu ao então presidente norte-americano Donald Trump sobre o número real de tropas dos EUA na Síria, e que sua equipe evitou que o ex-presidente republicano as retirasse do país árabe após o fim anunciado do Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) em 2017.
O Irã abriu em 2013 à Síria uma linha de crédito emergencial de US$ 3,6 bilhões (R$ 20,44 bilhões) para comprar produtos petrolíferos, apesar de seus petroleiros arriscarem ataques de sabotagem, depois que Damasco perdeu o controle sobre suas regiões produtoras de petróleo, primeiro para o Daesh e depois para os EUA e as milícias das Forças Democráticas da Síria (FDS), aliadas de Washington.
O governo iraniano estima que mais de dez de suas embarcações comerciais enviadas à Síria entre 2019 e 2021 foram atacadas ou sabotadas por Israel durante o trajeto.