A porta-voz do governo argentino, Gabriela Cerruti, disse nesta quinta-feira (6) em entrevista coletiva que o país sul-americano "não vai entrar em 'default' [inadimplência]" com o Fundo Monetário Internacional (FMI), enquanto o governo peronista protagoniza uma difícil renegociação para pagar o empréstimo contraído sob a gestão de Mauricio Macri, no valor de quase US$ 45 bilhões (aproximadamente R$ 257 bilhões).
Atualmente, as negociações com o FMI passam por um momento crucial, em que se debate, entre outras coisas, o grande déficit fiscal que a nação latino-americana está arrastando. "Que o Fundo Monetário entenda que temos que crescer, que temos que fortalecer a situação interna e a economia argentina para depois poder pagar e fazer frente a essa dívida, que nosso governo não contraiu, mas que tentará resolver", enfatizou Cerutti.
Nas últimas horas, o ministro da Economia, Martín Guzmán, revelou que agora a principal discrepância com a instituição financeira "é a trajetória fiscal que a Argentina propõe para reduzir o déficit gradativamente, de forma virtuosa com um maior crescimento da atividade econômica".
Dessa forma, entende-se que o FMI estaria exigindo um ajuste nas contas locais, apesar do complexo contexto social que o país enfrenta.
'Ajuste', a palavra proibida
Após expor a posição do Executivo aos governadores, Alberto Fernández elucidou na quarta-feira (5), que "para nós, não é possível chegar à ideia de uma dívida sustentável que se baseie em motivos de ajuste. Para nós, ajustar a economia é encolher, parar de crescer e tornar mais difíceis as obrigações que temos com os credores externos. Portanto, a palavra ajuste está banida da discussão, e para nós o segredo é crescer".
Na reunião realizada no Museu do Bicentenário da Casa Rosada – sede do governo – a administração Fernández procurou dar uma mensagem de unidade ao FMI, que inclui todos os blocos políticos.
No entanto, a ausência do prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, adversário do governo nacional e possível candidato à presidência em 2023, gerou inquietação. "Rodríguez Larreta privilegia sua posição dentro do interno Juntos por el Cambio [partido semelhante ao macrismo] antes dos interesses dos argentinos", atacou a porta-voz.
Neste contexto, a partir das 11h30 (mesmo horário de Brasília) o risco-país ultrapassou 1.800 pontos e os títulos argentinos caíram mais de 2% em média. Por enquanto, a Argentina está cumprindo os pagamentos estipulados com o FMI, apesar de o partido no poder já ter denunciado que o endividamento violava a Constituição por não ter sido discutido no Congresso anteriormente.