Burkina Faso e a ruptura democrática
Para o professor Jonuel Golçalves "é bom lembrar que alguns dos autores do golpe atual estiveram contra o golpe de 2015, porém, o que acontece hoje é que o Exército está descontente com a falta de recursos, e a população com a ausência de uma política de segurança que consiga proteger a população, largamente desprotegida sobretudo em regiões de fronteira," afirmou o professor.
Perigo islamista na África
"O Estado Islâmico e a Al Qaeda do Magreb islâmico parecem ser as forças principais que fazem os ataques e é provável que já tenham algumas células dentro do próprio país", afirmou o professor. Segundo ele "a situação que se criou é de autêntico alarme e muita crítica feita na capital é sobre a paralisação do governo e sua falta de capacidade para definir uma política de segurança nacional."
"O que vemos é uma tentativa de um movimento político na região para resguardar, de alguma forma, a capacidade de manutenção mínima de um aparato democrático e de funcionamento das instituições políticas, um fortalecimento de sua relevância, uma tentativa de lidar com essa questão em Burkina Faso, um sinal para toda a região, para o continente africano e para os parceiros internacionais", disse.
Comunidade internacional
Possíveis desdobramentos
"A gente já sabe que na África, os golpes de Estado, quando conseguem se manter, têm efeito de contágio e neste momento temos cinco regimes militares relativamente recentes no Sudão, Chade, República da Guiné, Mali e agora o Burkina Faso", disse o professor Jonuel.
Segundo Guilherme, "há portanto uma perspectiva de 'soluções africanas para problemas africanos'. Existe introjetado na população burquinense um valor democrático sem vínculos governamentais que certamente vai pressionar o atual governo para a restauração da democracia."