O contingente das tropas de paz da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (CSTO, na sigla em inglês), que entrou no Cazaquistão para frear os protestos violentos, não fez um único disparo, disse em entrevista Kassym-Jomart Tokaev, presidente cazaque.
"O envolvimento do contingente da paz da CSTO foi realizado em conformidade com os documentos do tratado desta organização. Ele foi perfeitamente legal. O contingente de paz da CSTO, tendo chegado ao Cazaquistão, não realizou nenhum disparo. Desde o início houve um acordo de que este contingente realizaria funções de apoio, ou seja, proteção de instalações estratégicas", garantiu ele em declarações ao canal Khabar 24.
Tokaev também indicou não ter havido repressão contra manifestantes pacíficos.
"Eles sabiam que os policiais tinham instruções claras de não usar armas contra os chamados manifestantes", apontou.
Também não houve condições da parte da Rússia para a entrada das tropas da CSTO no Cazaquistão, explicou.
"No que toca aos rumores de que estamos em dívida e assim em diante. Afirmo com responsabilidade que não houve, claro, nenhuma conversa com Vladimir Vladimirovich Putin [presidente da Rússia], e houve muitas e longas, a respeito de pagarmos mais tarde", assegurou o presidente do Cazaquistão.
"Não houve nenhuma condição prévia do lado do Kremlin. Afinal de contas, a Rússia é um Estado de união", continuou Tokaev.
No início de janeiro aconteceram protestos em massa no Cazaquistão, começando em Zhanaozen e Aktau, no Oeste do país, onde a população foi às ruas para se manifestar contra o aumento dos preços do gás liquefeito. As manifestações acabaram se espalhando às outras cidades cazaques, incluindo a Almaty, ex-capital e maior cidade do Cazaquistão, e se tornaram em grande parte violentas, levando a ocupações da propriedade pública e privada e ataques às autoridades.
Como resultado, as autoridades introduziram o estado de emergência até 19 de janeiro e conduziram uma operação antiterrorista. De acordo com a ONU, cerca de um milhar de pessoas foi ferido durante as manifestações no país, enquanto a procuradoria-geral do Cazaquistão relata que 225 pessoas morreram e 4.578 sofreram ferimentos, incluindo 19 policiais.