O governo dos EUA disse que não há chance de Washington reconhecer o Talibã (organização sob sanções da ONU por atividade terrorista) como o governo afegão legítimo até que o veterano da Marinha dos EUA Mark Frerichs seja liberado, dois anos depois de ter desaparecido em Cabul.
Washington acredita que Frerichs, que trabalhava como engenheiro civil na capital afegã, foi sequestrado em janeiro de 2020. Embora o governo norte-americano suspeite que ele tenha sido levado pela rede Haqqani (afiliada ao Talibã), o Talibã negou anteriormente que qualquer uma de suas afiliadas o estejam detendo.
Em maio de 2020, o porta-voz político do Talibã disse à Associated Press que eles "não têm nenhuma informação sobre o americano desaparecido". Na ocasião, outro representante do Talibã foi citado dizendo que o grupo disse a Washington "formal e informalmente" que não estava ciente do paradeiro de Frerichs.
Antes de completar dois anos do desaparecimento de Frerichs, na segunda-feira (31) o presidente dos EUA, Joe Biden, exigiu a liberação do veterano e alertou que o reconhecimento do governo talibã, que tomou o poder em agosto do ano passado derrubando o governo afegão apoiado pelos EUA, não seria considerado a menos que a demanda fosse atendida.
"Ameaçar a segurança de americanos ou quaisquer civis inocentes é sempre inaceitável, e fazer reféns é um ato de particular crueldade e covardia", declarou Biden. "O Talibã deve liberar Mark imediatamente antes de poder esperar qualquer consideração de suas aspirações de legitimidade. Isso não é negociável."
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, reiterou o mesmo sentimento, acrescentando que "a legitimidade que o Talibã busca é impossível de se considerar enquanto mantiver um cidadão americano como refém".
"Mark é um engenheiro civil que estava ajudando em projetos de construção em benefício do povo afegão quando foi capturado. Apesar de sua inocência, ele continua refém do Talibã e de seus afiliados", alegou Price, solicitando veementemente ao Talibã que "rejeite a prática de fazer reféns".