Nesta segunda-feira (7), o Brasil inaugurou sua participação na feira de alimentos PRODEXPO, a fim de alavancar suas vendas para o mercado russo.
Na abertura do estande coordenado pela APEX-Brasil, compareceram autoridades como o senador Irajá Abreu (PSD-TO) e o embaixador do Brasil em Moscou, Rodrigo Baena Soares.
"Esta é a maior feira agropecuária da Rússia, logo uma ótima oportunidade para mostrarmos nossos produtos, potencial e agricultura pujante com grande teor tecnológico", disse Baena Soares à Sputnik Brasil.
Para ele, mesmo em momento delicado para o comércio internacional, em função da pandemia, o Brasil deve aumentar o intercâmbio comercial com a Rússia.
De acordo com dados do governo federal, disponíveis no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), o Brasil perdeu espaço no mercado russo nos últimos anos.
O embaixador do Brasil em Moscou, Rodrigo Baena Soares, e o senador Irajá Abreu (PSB-TO), inauguram estande do Brasil na feira de alimentos PRODEXPO, Moscou, Rússia, 7 de fevereiro de 2022
© Foto / Diogo Akitaya/APEX-Brasil
Entre 2017 e 2021, o volume de exportações do Brasil para a Rússia caiu de US$ 2,7 bilhões (cerca de R$ 14 bilhões) para US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 7 bilhões), uma queda de 44%. Já as importações de produtos russos aumentaram 119%, de US$ 2,6 bilhões (cerca de R$ 13 bilhões) para US$ 5,7 bilhões (cerca de R$ 29 bilhões).
"O volume de comércio entre os nossos países já ultrapassa os US$ 7 bilhões [cerca de R$ 36 bilhões], mas temos que procurar equilibrar um pouco mais essa balança, para que tenhamos uma troca benéfica para os dois países", notou o embaixador.
Visita do presidente Bolsonaro
O aumento do volume do comércio entre Brasil e Rússia passa pelo setor agropecuário, que terá papel de destaque durante a visita do presidente Jair Bolsonaro à Moscou, prevista para os dias 15 e 17 de fevereiro.
"É um tema muito importante", confirmou o embaixador. "Nessa área, Brasil e Rússia são complementares: importamos fertilizantes da Rússia e exportamos produtos do agronegócio. Fertilizante é um insumo essencial para a nossa agricultura, enquanto nossos produtos são importantes para a segurança alimentar russa. Nessa complementariedade é que reside o principal centro do comércio entre os dois países."
No entanto, o embaixador considera necessário que o Brasil diversifique sua pauta exportadora, com maior participação de produtos de valor agregado.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin (E) e o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, caminham para participar da 11ª Cúpula do BRICS no palácio do Itamaraty em 14 de novembro de 2019 em Brasília, Brasil
© AP Photo / Pavel Golovkin
"Não podemos ficar restritos apenas a produtos agrícolas. Nós temos condições de ampliar a presença de produtos como máquinas, equipamentos, inclusive para os setores agrícola e de serviços", acredita Baena Soares.
Churrasco com amendoim
Neste ano, a participação brasileira na PRODEXPO não se restringe ao seu estande: a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX-Brasil) é patrocinadora oficial da feira.
"A APEX resolveu valorizar ainda mais a participação brasileira, para lembrar ao público russo que, a despeito das dificuldades, o Brasil está presente", disse à Sputnik Brasil o diretor do escritório da APEX em Moscou, Almir Ribeiro Américo.
Nesta segunda-feira (7), o estande brasileiro estava movimentado, com representantes de dez empresas de setores como amendoins, carnes, café e açaí.
"Cinco das empresas presentes são do setor de amendoins", contou Américo. "Atualmente, a Rússia é o maior importador e maior mercado mundial para o amendoim brasileiro."
Outro setor que retoma sua participação na feira é o de proteína animal. No passado, o Brasil era o principal fornecedor de carnes para a Rússia, mas a política russa de substituição de importações e entraves sanitários frearam as exportações nos últimos anos.
Esse cenário, no entanto, pode estar mudando. Durante recente visita da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, a Moscou, o governo russo anunciou a abertura de cota de 300 mil toneladas de carne com tarifa zero de importação, que favoreceu as exportações brasileiras.
A nova cota já garantiu um aumento de 184,8% no fornecimento de carne bovina para a Rússia entre janeiro e fevereiro de 2022.
A recuperação do setor de carnes é perceptível no estande do Brasil, que voltou a receber empresas como a BRF e a Seara.
PRODEXPO- Participação da BRF
© Sputnik / Ana Livia Esteves
O diretor da APEX-Brasil está otimista em relação ao futuro das carnes brasileiras no mercado russo.
"A abertura dessa cota mostra que a produção [doméstica] russa chegou em um limite, e ainda não é suficiente para abastecer todo o mercado", considerou Américo. "Estamos em um momento de crise, mas, na medida em que a renda do consumidor russo volte a crescer, [...] a posição da carne brasileira vai aumentar na mesma proporção."
Em novembro de 2021, governo russo anunciou o envio de uma missão para habilitar mais frigoríficos brasileiros a exportarem carnes para a Rússia. Considerando a vitalidade da feira, os ventos em Moscou estão com cheiro de churrasco.
A PRODEXPO será realizada entre os dias 7 e 11 de fevereiro na capital russa. A feira é considerada a maior do setor de alimentos e bebidas do Leste Europeu. Neste ano, o evento conta com mais de 2.500 exibidores provenientes de 73 países.