A União Europeia (UE) hoje não é capaz de substituir todo o gás russo com outras fontes de fornecimento, segundo Vladimir Chizhov, representante permanente da Rússia no bloco europeu.
A Comissão Europeia está discutindo com os EUA e vários outros países a possibilidade de fornecerem gás natural liquefeito (GNL) adicional, mas, na opinião do representante russo, o país norte-americano não consegue fornecer gás em quantidades que cubram todas as necessidades da UE.
"Além disso, a esfera do gás nos EUA é privada. Quando os preços do gás são maiores na Ásia, o GNL vai para lá, como foi no último ano, quando à Europa não chegou tanto gás liquefeito americano assim", explicou ele em entrevista à Sputnik.
Chizhov referiu que o Catar e alguns outros países já têm contratos de fornecimento de gás a longo prazo assinados com seus parceiros, o que limita sua capacidade de liberar mais GNL à Europa.
"A União Europeia não consegue hoje substituir fisicamente nosso gás. Mais fácil seria passar logo à lenha e ignorar todos os seus princípios 'verdes'", comentou.
Chizhov também respondeu às declarações da Comissão Europeia dadas no último meio ano sobre os altos preços do gás, a qual apontou como causas do fenômeno não só a recuperação econômica mundial, mas também de a empresa estatal russa Gazprom apenas fornecer o mínimo requerido pelas obrigações contratuais, não aumentando o fluxo em resposta a uma maior demanda, como nos anos anteriores.
"Para vender o gás é necessário que alguém expresse sua vontade de o comprar, pois não é possível os bombear de volta. Entretanto os potenciais compradores na Europa calculam os gastos pelos preços do mercado spot e, obviamente, pensam que é melhor esperar que o atual pico passe. Mais tarde ou mais cedo os preços cairão, ninguém duvida disso", previu Vladimir Chizhov, e acrescentou que a Europa tem gás nas instalações subterrâneas, enquanto este inverno europeu é relativamente ameno.
"Se o inverno fosse mais rigoroso e as reservas se esgotassem mais rapidamente, então claro que as empresas europeias comprariam gás adicional mesmo por preços elevados. Mas por enquanto [...] não há encomendas, e se não há também não há fornecimento", concluiu.
A UE não exclui impor novas sanções à Rússia em meio às tensões em torno da Ucrânia e tem realizado tentativas de diversificar o fornecimento do gás ao continente europeu. Entre as possíveis medidas punitivas está o impedimento da certificação e da respetiva entrada em funcionamento do gasoduto russo Nord Stream 2, que foi concluído no final de 2021. Moscou tem dito que, se o projeto não fosse politizado ao longo dos anos, o fluxo de gás à Europa já teria, entretanto, aumentado.