O Partido Comunista do Nepal (Centro Maoísta) advertiu que deixará o governo se o Nepal Compacto da Corporação de Desafio do Milênio (MCC, na sigla em inglês), um subsídio assinado em 2017 com os EUA, for aprovado.
O projeto visa manter a "qualidade das estradas, aumentar a disponibilidade e fiabilidade da eletricidade e facilitar o comércio de eletricidade transfronteiriço entre o Nepal e a Índia".
Na sexta-feira (11), o jornal The Print indicou que os EUA deram o prazo de 28 de fevereiro para ratificar o pacto. Caso contrário, Washington reconsideraria os laços com Kathmandu. Donald Lu, vice-secretário de Estado adjunto, disse na última quinta-feira (10) que "os EUA considerariam haver o interesse da China por trás do falhanço do Nepal em ratificar o Compacto".
Sher Deuba, que se tornou primeiro-ministro do Nepal em julho de 2021, assegurou Washington que o Nepal Compacto da MCC seria ratificado no parlamento do país durante sua atual sessão. Já vários parceiros da coalizão governista e a oposição creem que o projeto minará a Constituição nepalesa e que os EUA usarão o solo do país asiático contra a China como parte da Estratégia Indo-Pacífica norte-americana.
Na quarta-feira (16), a agência britânica Reuters relatou, citando funcionários governamentais nepaleses, que manifestantes contra o projeto enfrentaram a polícia, que usou gás lacrimogêneo e canhões d'água para os impedir de chegarem ao parlamento. Segundo a agência norte-americana Associated Press, os agentes de segurança também aplicaram bastões de bambu. Os manifestantes usaram pedras em resposta ao bloqueio policial.
123 ativistas foram relatados como detidos e nove policiais ficaram feridos durante os confrontos. As estradas que levam aos prédios parlamentares foram bloqueadas por horas, enquanto uma greve geral convocada pelos manifestantes fechou as escolas e perturbou o transporte no país.
O Artigo 7.1 do Compacto prevê: "As partes entendem que este Compacto, após entrar em vigor, prevalecerá sobre as leis internas do Nepal". Apesar disso, a embaixada dos EUA assegura que o subsídio vem "sem compromissos, sem taxas de juros e sem cláusulas ocultas. Tudo o que o Nepal tem que fazer é se comprometer a gastar o dinheiro, com transparência, nos projetos que foram acordados".