Panorama internacional

'Vamos pelo caminho errado': ex-secretário da Alemanha recorda que OTAN prometeu não se expandir

A Rússia tem impressão 'justificada' de que a OTAN a quer separar da Europa, diz Willy Wimmer, ex-secretário de Estado parlamentar no Ministério da Defesa da Alemanha no período a seguir ao fim da Guerra Fria. Ele crê que a política seguida pela OTAN a partir de 1992 criou um muro nas relações com a Rússia.
Sputnik
A Rússia tem impressão "justificada" de que a OTAN a quer separar da Europa, diz Willy Wimmer, ex-secretário de Estado parlamentar no Ministério da Defesa da Alemanha no período a seguir ao fim da Guerra Fria. Ele crê que a política seguida pela OTAN a partir de 1992 criou um muro nas relações com a Rússia.
A expansão da OTAN para o Leste Europeu quebra as promessas dadas pela própria aliança, e gera uma sensação de ameaça "justificada" por parte da Rússia, segundo Willy Wimmer, ex-secretário de Estado parlamentar no Ministério da Defesa da Alemanha (1985-1992), em entrevista publicada no sábado (19) na RT.
Wimmer, que foi vice-presidente da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE, na sigla em inglês) entre 1994 e 2000, comentou a recente publicação de um documento de 1991 pelo jornal Der Spiegel, que confirma que a Aliança Atlântica prometeu não se expandir para leste. De acordo com ele, ainda em 1989 ele expôs a Hermut Kohl, então chanceler da Alemanha (1982-1998) "os pontos que entraram na totalidade nos acordos sobre a reunificação" alemã.
"Na época entendíamos muito bem os problemas que enfrentamos hoje, pelo que a Alemanha naquele momento tomou a decisão de recusar o acolhimento de tropas da OTAN no território da antiga República Democrática da Alemanha e limitar [a expansão da OTAN] ao rio Óder", disse o atual político da União Democrata-Cristã (CDU, na sigla em alemão).
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Assim, o objetivo central da Alemanha e da Europa na época era "uma abordagem muito cautelosa" em relação ao Leste Europeu e "a cooperação com todos".
"No entanto, a política da Alemanha, e do Ocidente em geral, mudou radicalmente devido à adopção da Doutrina de Wolfowitz em 1992. Quando Hans-Dietrich Genscher se demitiu como ministro das Relações Exteriores da República Federal da Alemanha [em 17 de maio desse ano], começou a expansão da OTAN para leste", apontou o ex-secretário de Estado alemão.
Na opinião dele, desde então "temos ido pelo caminho errado, contribuindo à criação na Federação da Rússia de uma impressão bastante justificada de que o Ocidente faz tudo o possível para separar a Rússia da Europa, voltar a erguer um muro entre o mar Báltico e o mar Negro, de que o Ocidente está interessado em destruir a Rússia paulatinamente, em vez de cooperar com este grande país".

Destino pós-Guerra Fria da OTAN

A Rússia tem se insurgido contra o alargamento da OTAN aos antigos membros do antigo bloco do Pacto de Varsóvia desde os anos 1990, considerando isso uma ameaça direta ao país, e contra o espírito das negociações a seguir ao fim da Guerra Fria, apesar da falta de um acordo escrito.
Moscou também tem argumentado que os Estados-membros da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) acordaram em Istambul, Turquia, em 1999, e em Astana, Cazaquistão, em 2010, o princípio da indivisibilidade da segurança, ou seja, que nenhum Estado pode adquirir segurança à custa da segurança de outro Estado.
Em dezembro, Moscou propôs projetos de acordo com a OTAN, entre cujos pontos principais se incluem o não alargamento da Aliança Atlântica para leste e respetivo regresso às fronteiras de 1997, e a não colocação de meios militares na proximidade entre a Rússia e a OTAN.
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