Na última quinta-feira (24), Moscou iniciou uma operação militar especial na região de Donbass, onde ficam as repúblicas populares de Donetsk (RPD) e Lugansk (RPL).
Após o começo da operação, os EUA junto à União Europeia (UE) lançaram uma série de sanções contra a Rússia, como a de hoje (28), na qual o Tesouro norte-americano proibiu negociações com o Banco Central, o Fundo de Riqueza Nacional e o Ministério das Finanças da Rússia.
No sábado (26), o governo alemão anunciou que todos os bancos russos já sujeitos às sanções ocidentais serão excluídos da Sociedade Mundial de Telecomunicações Financeiras Interbancárias (SWIFT).
Uma mulher passa por uma tela de uma casa de câmbio exibindo as taxas de câmbio de dólar americano e euro para rublos russos, em Moscou, Rússia, 9 de março de 2020
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Para Sidney Lima, analista independente da Top Gain especializado em economia internacional entrevistado pela Sputnik Brasil, a crise ucraniana vai gerar impactos comerciais que podem afetar diretamente o "funcionamento e lucratividade de uma série de empresas a nível mundial".
"Os principais temores dos investidores globais são as sanções por parte do Ocidente [...] isso impactaria não só os resultados das empresas como também o dia a dia da população russa no preço dos produtos."
Lima ressalta que a Rússia é um dos países que mais exportam no mundo, inclusive endereçando grande quantidade de seus produtos à Europa. Dentro desses produtos, está o petróleo, portanto, as medidas de retaliação e as sanções por parte da União Europeia e dos EUA vão abalar diretamente a receita dos russos, mas também a inflação de países europeus.
"Na Europa também haverá impactos consideráveis e a inflação dos países será afetada, visto que a possível suspensão do fornecimento russo de certos produtos, incluindo as commodities, faria com que a existência dos mesmos na Europa se torne mais escassa, levando a um aumento nos preços por conta de uma certa dependência que a região tem da Rússia", avalia.
Especialistas instalam último tubo da segunda linha do gasoduto Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2) que levará gás da Rússia à Alemanha, marcando o fim próximo da construção do projeto
© Sputnik / Nord Stream 2
/ Parceria com a China
Lima explica que a parceria entre Rússia e China durante este tempo de crise pode se mostrar bastante benéfica para Moscou, uma vez que "juntos, esses países representam uma altíssima parcela do PIB mundial".
"Essas duas nações também são uma potência bélica muito forte e essa relação [Pequim-Moscou], em paralelo à OTAN e aos EUA, pode minimizar os efeitos negativos que a Rússia pode enfrentar no atual cenário."
Economia do Brasil
Sobre o Brasil, o especialista considera que o país também será afetado dado que o cenário de incertezas gerado pela crise ucraniana faz com que os investidores internacionais não invistam tanto no país, o que piora a situação econômica brasileira que já se encontra frágil pela pandemia.
"O investimento internacional é o coração do Brasil, e diante das incertezas, pode ser que eles migrem para investimentos de maior segurança, por exemplo o ouro, e isso faz com que tenhamos uma diminuição dos investimentos em um momento delicado, onde a taxa de juros e a inflação brasileiras já afetaram bastante a vida das pessoas no dia a dia."
Hoje (28), Rússia e Ucrânia se reuniram pela primeira vez desde o início da operação especial militar russa, na última quinta-feira (24). Segundo o assessor do Gabinete do Presidente ucraniano, Mikhail Podolyak, a principal meta das negociações é a questão do cessar-fogo no território da Ucrânia.
Porém, mesmo com as negociações começando hoje (28), o presidente Vladimir Putin, já destacou desde a semana passada que a ocupação do território ucraniano não está nos planos de Moscou.