John Bolton, ex-assessor de segurança nacional norte-americano (2018-2019) sob a administração de Donald Trump (2017-2021), acusou o ex-presidente de ter planejado retirar os EUA da OTAN se tivesse sido eleito para um segundo mandato em 2020, e que Vladimir Putin, presidente da Rússia, estava "esperando" por isso.
"Em um segundo mandato de Trump, penso que ele poderia se retirar da OTAN, e penso que Putin estava esperando por isso", teorizou Bolton em uma entrevista remota de sexta-feira (4) com o jornal Washington Post.
Comentando o relato de memórias "The Room Where It Happened" ("A sala onde tudo aconteceu", em tradução livre), publicado em junho de 2020, e no qual Bolton afirmou que os EUA já estiveram muito perto de se retirarem da OTAN em 2018, o ex-funcionário disse que teve seu "coração na garganta" em uma reunião em que essa possibilidade foi mencionada.
"Não sabia o que o presidente faria. Ele me chamou ao seu assento segundos antes de dar seu discurso, e eu disse 'Olhe, vai até a linha, mas não a ultrapasse'. Eu voltei a sentar-me, eu não sabia o que faria. Pensei que ele colocaria seu pé sobre ela, mas pelo menos ele não saiu então", segundo o ex-assessor.
No entanto, Taylor Budowich, porta-voz de Trump, rejeitou os comentários de Bolton, que afirmou apenas estar contente "quando a América está em guerra".
"O presidente Trump levou a América a um dos períodos mais pacíficos na história dos EUA, que incluiu um aumento de investimento na OTAN em US$ 50 bilhões [R$ 253,12 bilhões, na conversão atual]. John Bolton simplesmente está zangado por ter sido despedido antes que ele pudesse ter sido gasto", comentou, citado no sábado (5) pelo jornal The Hill.
Já Jen Psaki, porta-voz da Casa Branca, sugeriu que as declarações de Bolton eram "mais uma razão pela qual" a maioria dos americanos estava "grata" que "o presidente Biden não tirou uma página de seus antecessores no que diz respeito ao engajamento global e liderança global, porque, certamente, nós estaríamos em um lugar diferente".
Bolton foi assessor de segurança nacional dos EUA entre 2018 e 2019, e aconselhou na época Trump a tomar uma atitude mais dura contra os adversários norte-americanos, sendo por isso considerado um "falcão de guerra". Após vários desacordos, o 45º presidente norte-americano chamou Bolton de "uma das pessoas mais idiotas em Washington", e declarou que os EUA "estariam na 6ª Guerra Mundial" se o tivesse ouvido.