O governo paquistanês questiona o fato de Nova Deli não ter informado "quase imediatamente" depois de perceber a falha no teste do míssil.
O Ministério da Defesa da Índia anunciou o disparo acidental na última quinta-feira (10), classificando a situação como "profundamente lamentável" e expressando "alívio" pelo acidente não ter causado vítimas.
Segundo o governo indiano, um "mau funcionamento técnico levou ao disparo acidental do míssil".
O Paquistão informou que derrubou o míssil supersônico indiano com o sistema de defesa aérea do país, destruindo o foguete antes de atingir seu território, perto da cidade de Mian Channu, na província de Punjab.
Após o acidente, Nova Deli anunciou um "tribunal de inquérito de alto nível" para abrir uma investigação.
Porém, o Ministério das Relações Exteriores do Paquistão se mostrou insatisfeito com o que chamou de "explicação simplista" da Índia. Segundo o órgão, um incidente envolvendo um míssil de um vizinho com armas nucleares é motivo de grande preocupação.
O ministério aponta que a gravidade do incidente "levanta várias questões fundamentais sobre protocolos de segurança e salvaguardas técnicas contra lançamentos acidentais ou não autorizados de mísseis em um ambiente nuclearizado", conforme noticiou o jornal paquistanês Dawn.
"A decisão indiana de manter um tribunal interno de inquérito não é suficiente, já que o míssil acabou em território paquistanês. O Paquistão exige uma investigação conjunta para estabelecer com precisão os fatos que cercam o incidente", disse, em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores do Paquistão.
O primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, durante entrevista à Reuters em Islamabad, Paquistão, 4 de junho de 2021
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O incidente ocorre em um contexto de melhoria das relações entre os dois países, que travaram três guerras desde a independência do Reino Unido, em 1947.
No ano passado, após negociações entre seus respectivos diretores gerais de operações militares, Índia e Paquistão concordaram com um cessar-fogo ao longo da fronteira da Caxemira.
No início deste mês, as nações asiáticas mantiveram diálogo sobre a troca de dados hidrológicos e de enchentes do rio Indo, que atravessa a Índia até o Paquistão.