Rua Teresa sob risco
"Há pessoas presas dentro de casas soterradas, pedindo por socorro. Quase não há bombeiros ou Defesa Civil. São os petropolitanos que estão se ajudando nesse resgate", narrou a dona de casa Elaine Pereira, de 36 anos, à Sputnik Brasil.
"Há muito deslizamento de terra, há pedras descendo na enxurrada das águas. Ali na rua Teresa tem uma pedra enorme que está sendo monitorada, aí a sirene foi acionada ontem duas vezes. Ela corre o risco de desabar. Aí já era. Acaba a rua Teresa. Estão pedindo para as pessoas desocuparem as casas na região. A coisa está tensa aqui em Petrópolis", desabafou a moradora da cidade.
Política, resgate e mortes
"Acho que o prefeito deveria, no mínimo, desentupir os bueiros da cidade. Para algumas pessoas o Aluguel Social sequer saiu. Ainda há muita gente desabrigada depois da tragédia de 22 de fevereiro. O prefeito tem que se preocupar menos com os turistas e percorrer bairro a bairro para ter contato com a realidade das pessoas", criticou a dona de casa.
"Uma pedra de mais de cem toneladas rolou, arrastou e destruiu completamente a minha casa e eu perdi tudo o que mais importava na minha vida: minha filha e minha neta, que moravam em Teresópolis e estavam passando uns dias comigo", lamentou ele.
"A sensação é de impotência. Não tem o que fazer, não tem para onde correr. Passou a eleição e nós somos esquecidos. Foram 13 dias de desespero para resgatar o corpo da minha neta soterrada. Já nessa chuva de fevereiro tive muitos problemas quanto ao resgate. Veja bem, é uma cidade de 250 mil habitantes que só possui duas ambulâncias", revoltou-se ele.
'Perdi tudo'
"A casa foi interditada, mas eu já estava morando no Alto da Serra há um ano, no lugar que é conhecido como Morro da Oficina. Ali eu perdi minha casa totalmente, e não era a minha casa, era alugada. Ali eu perdi tudo. Tudo o que eu consegui conquistar ao longo dessa caminhada de tentar uma vida nova em outro bairro. Perdi tudo o que eu conquistei. Graças a Deus eu não perdi a minha vida, nem meu pai, nem minha filha – que são as pessoas que moram comigo. Mas perdi um pouco da minha história. Um pedaço de história de um ano e três meses que eu perdi. O que consegui conquistar se foi", relatou ela, com a voz embargada, à Sputnik Brasil.
"Queria saber se nossa conversa vai ajudar em alguma coisa. Você não é a primeira a me entrevistar. E até hoje não tive resposta de nada. Estamos abandonados."