À medida que os EUA, o Japão e a Austrália endurecem sua posição sobre a Rússia em face à operação especial militar lançada por Moscou na Ucrânia, o quarto membro do Diálogo de Segurança Quadrilateral (Quad) continua adotando uma postura silenciosa e pouco criticada por seus parceiros.
A Índia não apenas se recusou a condenar a Rússia como os EUA fizeram, em uma já clara campanha para isolar Moscou do resto do mundo, como também tem avançado em novas compras de petróleo russo, com desconto no óleo.
A China, ao anunciar no mês passado que estava aberta às importações russas de trigo, foi imediatamente acusada pelo primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, de ir em auxílio do país e lançar a Moscou o que chamou de "salva-vidas econômico". Os EUA, por sua vez, teceram duros comentários em tom de ameaça ao afirmar que poderiam estender as sanções a Pequim.
Nos últimos dias o Japão e Austrália pressionaram Nova Deli a adotar uma linha mais dura contra Moscou, enquanto, apenas na segunda-feira (21), em um fórum de negócios, o presidente norte-americano, Joe Biden, acusou a Índia de "estar um pouco titubeante" sobre a operação especial russa na Ucrânia.
A Rússia responde por menos de 3% das importações de petróleo da Índia, a maioria das quais vêm do Oriente Médio, de acordo com dados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). No entanto, Nova Deli depende fortemente de Moscou para armamento – importando cerca de 60% de suas armas da Rússia, da qual também depende para manutenção e peças de reposição.
O representante dos EUA Ami Bera, que chefia o Subcomitê de Relações Exteriores da Câmara para a Ásia e é indiano-americano, criticou a medida porque, para ele, Nova Deli "escolheu ficar do lado do [presidente russo] Vladimir Putin em um momento crucial da história", dizendo em um comunicado, na semana passada, que a Índia estava "supostamente procurando contornar as sanções internacionais" e "potencialmente dando a Putin uma tábua de salvação econômica", segundo o South China Morning Post.
Segundo disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, na sexta-feira (18), nem todos os países estavam seguindo os EUA ao proibir o petróleo russo – "incluindo alguns na Europa" – e "eles têm raciocínio econômico diferente" para fazê-lo.
No sábado (19), o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, pressionou seu colega indiano, Narendra Modi, a adotar uma postura mais dura sobre o conflito na Ucrânia, dizendo que isso abalou os "fundamentos da ordem internacional" e exigiu uma resposta clara. Mas uma declaração conjunta emitida posteriormente pediu apenas "uma cessação imediata da violência" e "enfatizou a necessidade de todos os países buscarem a resolução pacífica de disputas".