Os EUA devem fornecer à Turquia caças F-35 e sistemas de mísseis Patriot sem pré-condições, disse o chefe do Departamento de Comunicações da administração presidencial turca, Fahrettin Altun. No entanto, Altun acrescentou que quaisquer "propostas informais" não ajudariam a melhorar as relações entre os dois países.
No início de março, a Reuters informou que os EUA discutiram informalmente com a Turquia a possibilidade de enviar sistemas de defesa russos S-400 para a Ucrânia em gesto de apoio a Kiev. Em resposta, Altun escreveu um artigo de opinião para o Wall Street Journal, dizendo que a ideia de Ancara entregar os S-400 adquiridos da Rússia para a Ucrânia era irrealista.
"Embora bastante irrealista hoje, essa ideia representa uma oportunidade para discutir os problemas que a Turquia experimentou ultimamente com o Ocidente", disse Altun que também enfatizou que, antes de comprar os S-400 da Rússia, a Turquia havia abordado repetidamente os EUA para a compra do sistema similar Patriot.
"Dado que a Turquia está em uma das regiões mais perigosas e instáveis do mundo, e as ameaças que a Turquia enfrentou não desapareceram magicamente com a rejeição de Washington, Ancara teve de procurar alternativas", explicou Altun.
"Os turcos ainda se lembram de como nossos aliados retiraram as baterias Patriot da Turquia durante alguns dos períodos mais tensos nas relações turco-russas. À luz dessa experiência, o povo turco não leva mais a sério qualquer promessa informal do Ocidente de fornecer os Patriot. A ilegalidade da 'remoção' do programa F-35 da Turquia por considerações políticas torna difícil levar a sério a cenoura metafórica de 'reintegração' da Turquia", concluiu Altun.
As relações entre a Turquia e os EUA ficaram tensas há vários anos, depois que Ancara assinou um contrato com Moscou, em 2017, para o fornecimento de sistemas de defesa aérea S-400 fabricados na Rússia. Washington então suspendeu o programa F-35 com a Turquia, embora Ancara já tivesse pago pela entrega dos caças de quinta geração.
Os EUA alegaram que os S-400 russos eram incompatíveis com o equipamento militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e representariam uma ameaça ao bloco. A Turquia se recusou a cancelar o contrato dos S-400, argumentando que tem o direito de fortalecer sua defesa da maneira que julgar necessária.
No último mês, os EUA têm pressionado a Turquia a impor sanções contra a Rússia por sua operação especial militar na Ucrânia. No entanto, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, disse repetidamente que Ancara não tem intenção de aderir às sanções internacionais contra a Rússia e está apenas pronta para atuar como mediadora nas negociações entre Moscou e Kiev.