Os futuros do petróleo bruto dos tipos Brent e West Texas Intermediate (WTI) permanecem bem acima de US$ 100 por barril (cerca de R$ 488), registrando ontem uma nova subida em meio a notícias sobre possível expansão do embargo energético da Rússia.
"As consequências econômicas para a Europa já são terríveis, e só vão ser piores. Ao contrário da Rússia, a Europa não é autossuficiente quando se refere à energia, nem no que se refere à produção de alimentos. Então, o preço dos alimentos vai subir e, em geral, o padrão de vida na Europa vai cair", opina professor Stevan Gajic, pesquisador associado do Instituto de Estudos Europeus em Belgrado.
Se a Europa fosse em frente e proibisse a importação de petróleo, carvão, gás e outras fontes de energia da Rússia, os preços da energia subiriam substancialmente, adverte Alexander Clackson, fundador da Global Political Insight, um think tank do Reino Unido.
Embora esta situação crie oportunidades comerciais para os EUA no mercado da União Europeia (UE), o problema é que, segundo os analistas, nem os EUA nem outros produtores de energia conseguem preencher de imediato a lacuna deixada pelos fornecimentos de petróleo e gás da Rússia.
"Anualmente, Europa importa cerca de 155 bilhões de metros cúbicos [de gás natural] da Rússia, o que os EUA dificilmente substituiriam", explica Justin Dargin, acadêmico em energia global da Universidade de Oxford. "Europa ficará em uma posição extremamente difícil para se afastar totalmente do gás russo nos próximos dois anos, e os EUA não serão capazes de satisfazer plenamente as necessidades de gás da Europa", observa ele.
A situação econômica volátil já resultou em protestos na Espanha. Cerca de 150.000 agricultores, fazendeiros e caçadores encheram as ruas de Madri em 20 de março para protestar contra a incapacidade do governo espanhol de resolver o problema dos altos preços de combustíveis exacerbados pelas sanções impostas pela União Europeia contra a Rússia devido à operação especial na Ucrânia. Existe o risco de um aumento de agitação civil no futuro, observa Gajic.
De acordo com Clackson, para a liderança da Europa e dos EUA "a prioridade sempre foi enfraquecer a Rússia, conter a Rússia e garantir que a influência da Rússia não cresça". Esta política está custando um alto preço para os cidadãos europeus comuns, sublinha ele, acrescentando que "enquanto este processo avança, em um futuro previsível muitas pessoas comuns vão sofrer".