Panorama internacional

Nova ordem mundial depende do sucesso da operação russa na Ucrânia, diz chefe da Inteligência russa

Moscou delineou as condições para encerrar sua operação militar na Ucrânia, incluindo garantias de status não-bloco e não-nuclear de Kiev, além do reconhecimento da Crimeia como parte da Rússia e a independência das repúblicas populares do Donbass.
Sputnik
Nesta quinta-feira (7), o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou Kiev de renegar compromissos acordados na última rodada de negociações a pedido dos Estados Unidos.
Toda a "arquitetura da ordem mundial" que está por vir depende do sucesso da operação especial militar russa na Ucrânia, disse o diretor do Serviço de Inteligência Externa da Rússia, Sergei Naryshkin.

"A ferocidade do confronto indica claramente que se tratava de muito mais do que o destino do regime em Kiev. Na verdade, a arquitetura de toda a ordem mundial está em jogo. É bastante difícil prever seus contornos específicos com base na situação atual, mas podemos dizer com certeza que não haverá retorno ao antigo", escreveu Naryshkin em um artigo publicado no jornal Natsionalnaya Oborona.

Em vez disso, o chefe de espionagem sugeriu que "o universalismo liberal obsoleto" do presente pode e deve "ser substituído por uma nova ordem mundial - uma que seja justa e sustentável".
Naryshkin expressou confiança de que a operação militar russa na Ucrânia poria fim às tentativas de transformar a Ucrânia "em um Estado fantoche russofóbico" que constrói sua identidade "com base na negação maníaca e demonização de tudo o que a liga objetivamente à Rússia".
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Naryshkin acusou os Estados Unidos de usar "os métodos mais vis" para tentar arrastar a operação militar russa, incluindo o envio de mercenários à Ucrânia para organizar um movimento terrorista clandestino. O especialista está convencido de que Washington agora tem o objetivo central de prolongar o conflito o máximo possível, para torná-lo ainda mais caro para Moscou e Kiev.
"A OTAN, como enfatizam os 'estrategistas' dos EUA, deveria tentar transformar a Ucrânia em 'uma espécie de Afeganistão'. Para qualquer um com a menor familiaridade com história e geografia, a total inadequação e fracasso estratégico de tal analogia é óbvia", escreveu o chefe de espionagem. Ele acrescentou que isso é esperado de líderes ocidentais que confundem cidades ucranianas e russas ou sugerem que regiões russas inteiras sejam parte da Ucrânia.
A crise da Ucrânia serve como evidência de que os Estados Unidos hoje são uma hegemonia global exagerada, sugeriu Naryshkin. "Está surgindo uma situação bastante interessante, que lembra um pouco a história do final da União Soviética, na qual o Ocidente, liderado pelos Estados Unidos, tenta impor diretrizes ideológicas ao mundo em que ele mesmo não acredita e cujas próprias ações refuta constantemente."
Segundo o chefe de espionagem, o desejo dos EUA de manter seu papel de hegemonia global está empurrando o país para um perigoso aventureirismo militar e político – algo que os líderes de países ao redor do mundo estão acompanhando de perto.
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