A Rússia fornece mais da metade de todas as armas vendidas na África, que é mais que o dobro do segundo maior fornecedor, a França, seguida pelos Estados Unidos e China, segundo levantamento do South China Morning Post.
Embora a participação chinesa no mercado de armas africano seja pequena, Pequim tem laços estreitos com muitos países do continente. Por essa razão, larga na frente da União Europeia para substituir a Rússia em alguns mercados.
As restrições financeiras e outras sanções introduzidas pelos Estados Unidos e muitos países europeus prejudicaram as cadeias de suprimentos e a produção de equipamentos de defesa russos.
Esse fenômeno, inclusive, teve repercussões, segundo a imprensa brasileira, no Ministério da Defesa do Brasil. A FAB (Força Aérea Brasileira) precisou repensar a sua estratégia para a compra de helicópteros russos em razão das dificuldades em fazer reparos nas aeronaves em meio às sanções.
Pequim, inclusive, tendo em vista esse fator, estaria de olho em grandes clientes russos na África, como Nigéria e Etiópia, para a venda de veículos blindados e lançadores de foguetes.
A China é um participante comparativamente pequeno no mercado africano de vendas de armas. De acordo com o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), entre 2000 e 2018, a China respondeu por apenas 7,5% do mercado total.
John Calabrese, chefe do Projeto Oriente Médio-Ásia da American University, em Washington, disse que nos últimos cinco anos a concorrência de vendas de armas na África se intensificou com grandes compradores, como o Egito, buscando diversificar suas fontes.
"É possível que a China tente capitalizar com a expulsão da Rússia desses mercados quando as sanções e restrições financeiras começarem a afetar", disse o especialista. No entanto, Calabrese disse que um fator a ser considerado "é se a China poderia fornecer um substituto pronto para o equipamento russo".
Outros fornecedores estrangeiros, como os franceses, também podem procurar preencher a lacuna, principalmente no Egito, e um terceiro fator é se a China pode oferecer condições de pagamento e descontos favoráveis.
Moses B. Khanyile, diretor do Centro de Estudos Militares da Universidade Stellenbosch na África do Sul, partilha a opinião que, dada a alta presença de equipamentos militares russos na África, as sanções tornariam mais difícil manter, reparar e revisar equipamentos.
Ele disse que a China provavelmente será uma grande beneficiária desse "vazio", acrescentando que seus acordos de armas existentes podem ser apoiados por outras relações comerciais e diplomáticas que a China já tem com países africanos.