As exportações militares de Israel renderam US$ 11,2 bilhões (R$ 52,9 bilhões) em 2021, sendo que 7% do valor veio dos países árabes que assinaram os Acordos de Abraão, disse o Ministério da Defesa israelita nesta terça-feira (12).
O valor é o mais alto dos últimos 20 anos, escreve o portal Jerusalem Post, enfatizando que as exportações de defesa de Israel atingiram números de dois dígitos pela primeira vez, aumentando 55% em dois anos.
Desde a assinatura dos Acordos de Abraão, em 15 de setembro de 2020, o volume de novos contratos assinados em 2021 saltou mais de 30% em relação a 2020.
Soldados israelenses a bordo do tanque Merkava.
© AFP 2023 / Thomas Coex
De acordo com a publicação, em 2021 as empresas israelenses exportaram mísseis, foguetes e sistemas de defesa aérea, sistemas de drones e veículos aéreos não tripulados (UAVs, na sigla em inglês), radares de guerra eletrônica, aeronaves tripuladas e aviônicos, estações de armas e lançadores, veículos e APCs (veículos blindados de transporte de pessoal, na sigla em inglês), C4I e sistemas de comunicação, munições e armamento, inteligência, informação e sistemas cibernéticos.
A maior distribuição das exportações de defesa israelenses foi à Europa, com 41% (acima dos 30% em 2020), seguida pela Ásia-Pacífico, com 34% (queda de 10% em relação a 2020); América do Norte, com 12%; países do Acordo de Abraão, com 7%; África, com 4%; e América Latina, com 3%.
Até o momento, quatro países árabes muçulmanos assinaram acordos de paz com Israel dentro da estrutura dos Acordos de Abraão mediados pelos EUA, e muitos outros estão aparentemente considerando entrar na onda dos processos de paz.
Sara Sherif, analista política e jornalista de assuntos israelenses do jornal egípcio Al Dostor, afirmou em entrevista à Sputnik, em dezembro de 2020, que esses tratados "de paz" tornaram a situação no Oriente Médio ainda mais complicada ao romper antigos impasses e criar outros.
O conflito entre israelenses e palestinos não é algo novo a ser presenciado na história do Oriente Médio. Porém os Estados árabes, que sempre expressaram apoio à causa palestina, mudaram de tom.
O relativo silêncio vem de países que "fizeram as pazes" com Tel Aviv em 2020 por meio dos Acordos de Abrãao, que foram amplamente impulsionados durante um amigável diálogo entre Israel e os EUA sob a administração de Donald Trump.
Enquanto a Turquia e o Irã expressam indignação com a postura israelense no conflito, outros países que faziam o mesmo em confrontos anteriores, como Emirados Árabes Unidos (EAU), Bahrein, Marrocos e Sudão, estão mais contidos e, pela primeira vez na história da região, se dividem em condenar Israel por ataques à Faixa de Gaza.
Ao selarem a paz com o Estado judeu, EAU, Bahrein, Marrocos e Sudão estão tendo que lidar com a diferença entre sua nova postura e a raiva de seus cidadãos árabes que expressam apoio à causa palestina.