Ciência e sociedade

Astrônomos colocam Urano como prioridade para próxima missão de exploração espacial da NASA

Sondas da NASA visitaram Marte, Vênus, Saturno, Júpiter e Mercúrio, mas negligenciaram os gigantes do gelo Urano e Netuno nos confins distantes do nosso Sistema Solar.
Sputnik
A ciência planetária e a astrobiologia estabeleceram novos desafios para que Urano seja colocado como uma prioridade máxima para a próxima missão principal planetária.
Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina dos EUA, a pedido da NASA, desenvolveram um relatório estratégico, intitulado "Origens, Mundos e Vida: Estratégia Decenal para Ciência Planetária e Astrobiologia 2023–2032", com o objetivo de identificar novos alvos e os objetivos científicos mais importantes da próxima década, que de acordo com a Science Alert vai ser Urano.
"O comitê prioriza a sonda orbital de Urano [UOP, na sigla em inglês] como a nova missão de maior prioridade para ser iniciada na década de 2023-2032", escreveu o comitê.
De acordo com o relatório, a sonda realizaria uma viagem orbital de vários anos em Urano, analisando sua atmosfera. A missão forneceria uma riqueza sem precedentes de informações sobre o gigante de gelo e suas luas.
Urano é o único planeta do Sistema Solar que está inclinado para o lado, de modo que seu eixo de rotação é quase paralelo ao plano orbital. Além disso, seu campo magnético está seriamente desequilibrado e ele está emitindo misteriosos raios X.
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"Urano é um dos corpos mais intrigantes do Sistema Solar", escreveram os cientistas. "Sua baixa energia interna, dinâmica atmosférica ativa e campo magnético complexo apresentam grandes mistérios."
Os cientistas acreditam que no fundo dos oceanos desses corpos geologicamente ativos as fontes vulcânicas podem permitir que ecossistemas inteiros baseados em uma teia alimentar quimiossintética prosperem, tal como nas fontes hidrotermais aqui na Terra.
Astrônomos acreditam que esses corpos, dos quais vários foram identificados no Sistema Solar, são os candidatos mais promissores para se encontrar vida extraterrestre.
O custo de uma missão a Urano poderia ser superior a US$ 4 bilhões (cerca de R$ 18,6 bilhões), mas o potencial ganho científico seria inestimável. Assim poderia, também, ser o ganho de uma exploração aprofundada de Encélado, uma das luas de Saturno.
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As duas missões de maior prioridade fruto do relatório anterior "Visão e Viagens para a Ciência Planetária na Década 2013-2022" foram a missão de retorno de amostras de Marte e uma missão a Europa, uma lua de gelo orbitando Júpiter que se suspeita ter um oceano interno, ambas atualmente em desenvolvimento.
Outras recomendações no novo relatório incluem a restauração do programa de exploração de Marte e, pela primeira vez, a melhoria do programa da NASA para encontrar e rastrear asteroides que representam uma ameaça à vida na Terra.
"Este relatório apresenta uma visão ambiciosa, mas praticável, para o avanço das fronteiras da ciência planetária, astrobiologia e defesa planetária na próxima década", disse Robin Canup, astrofísico da Diretoria de Ciências Planetárias do Instituto de Pesquisa do Sudoeste e copresidente do comitê de direção das Academias Nacionais para a pesquisa decenal.
"Este portfólio recomendado de missões, atividades de pesquisa de alta prioridade e desenvolvimento de tecnologia vão produzir avanços transformadores no conhecimento e compreensão humanos sobre a origem e evolução do Sistema Solar e da vida e habitabilidade de outros corpos além da Terra."
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