Panorama internacional

Em fim de mandato, Moon Jae-in troca cartas com Kim Jong-un e recebe elogios do líder norte-coreano

Nas correspondências, o presidente sul-coreano disse que, na relação entre ele e Kim, "houve momentos de arrependimento e memórias de emoções avassaladoras", enquanto o líder norte-coreano afirma que "apreciou as dores e o esforço" de Moon em sua gestão.
Sputnik
O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, trocou cartas de despedida com o presidente da Coreia do Norte, Kim Jong-un, anunciou ambos os governos nesta sexta feira (22), segundo o The New York Times.
Moon, que está impedido por lei de tentar a reeleição, deixará o cargo em breve após um mandato único de cinco anos, encerrando um relacionamento cheio de altos e baixos e atualmente travado por impasses diplomáticos com o líder norte-coreano.

"Houve momentos de arrependimento e memórias de emoções avassaladoras", escreveu Moon na carta sobre seu relacionamento com Kim. "Mas acredito que, de mãos dadas, demos um passo seguro para mudar o destino da península coreana."

O presidente sul-coreano também teria pedido a Kim que retome o diálogo com os Estados Unidos para tentar encerrar o ciclo de tensões causado pelo desenvolvimento de armas nucleares e lançamentos de mísseis de Pyongyang que levaram a sanções internacionais.
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Já Kim, cujo governo criticou duramente a administração sul-coreana em diversos momentos, escreveu algumas palavras calorosas de despedida para Moon, elogiando sua determinação "pela grande causa da nação".
"Kim Jong-un apreciou as dores e o esforço de Moon Jae-in pela grande causa da nação até os últimos dias de seu mandato. [...] A troca de cartas pessoais entre os principais líderes do Norte e do Sul é uma expressão de sua profunda confiança", informou a Agência Central de Notícias da Coreia do Norte, citada pela mídia, referindo-se à carta que o líder norte-coreano enviou em resposta.
Ao mesmo tempo, Kim disse que as cúpulas "históricas" entre ele e Moon deram ao povo "esperança para o futuro", e os dois concordaram que os laços se desenvolveriam se ambos os lados "fazerem esforços incansáveis ​​com esperança", segundo a Reuters.
As Coreias ainda estão tecnicamente em guerra desde que a luta entre os dois lados terminou em 1953, não com um tratado formal de paz, mas com uma trégua. Entretanto, Moon e Kim introduziram uma rara distensão quando se encontraram três vezes em 2018, abraçando-se e prometendo construir a paz e a reconciliação na península
Moon também teve protagonismo ao mediar a cúpula entre Kim e o ex-presidente dos EUA, Donald Trump em Cingapura em 2018.
O então presidente dos EUA, Donald Trump, se encontra com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-Un, e com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, Coreia do Sul, 30 de junho de 2019
Entretanto, alguns analistas céticos acreditam que o elogio a Moon pelo governo norte-corenano poderia ser uma tentativa de retratar seu sucessor, Yoon Suk-yeol, como responsável por qualquer deterioração adicional nos laços.
"Isso parece mais um passo na construção do pretexto para culpar Yoon por mais escalada da Coreia do Norte, em vez de um ramo de oliveira para Yoon ou [Joe] Biden", disse Markus Garlauskas, especialista em questões de segurança e análise estratégica da península coreana citado pela Reuters.
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Yoon, que assume o cargo no dia 10 de maio, disse que está aberto ao diálogo, mas uma maior dissuasão militar e uma aliança mais forte dos EUA são necessárias para combater as "provocações" do Norte.
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