"No que toca a eventual convite para missão da União Europeia, o Ministério das Relações Exteriores recorda não ser da tradição do Brasil ser avaliado por organização internacional da qual não faz parte. Note-se que a União Europeia, ao contrário da OEA e da OSCE [Organização para a Segurança e Cooperação na Europa], por exemplo, não envia missões eleitorais a seus próprios Estados-membros", diz a nota.
"Hoje há uma grande comoção no país, em certa medida, no sentido de termos reforços para que os resultados das eleições de 2022 sejam respeitados — seja lá qual for o resultado. Não estamos em um regime democrático normal. Diante de todas as ameaças e das tentativas de desmoralização da Justiça Eleitoral, uma das formas encontradas foi essa: colocar os observadores internacionais nessas eleições", afirma a pesquisadora à Sputnik Brasil.
"Apesar de não ter tradição de observadores internacionais no caso brasileiro, também nunca houve tradição do questionamento da lisura, da validade das eleições. Na medida em que esse questionamento vai ficando cada vez mais forte, acho que faz muito sentido que o TSE procure respaldar seu trabalho convocando entidades que tradicionalmente fazem esse trabalho mundo afora", afirma Martins Junior em entrevista à Sputnik Brasil.
"É muito comum. Conheço diversos brasileiros que trabalham no Brasil e são observadores internacionais mundo afora: na Bolívia, no Equador, no México, na Argentina. É normal haver observadores internacionais", afirma o cientista social José Paulo Martins Junior. O pesquisador acrescenta que essa presença fortalece processos democráticos, apesar de não os garantir.
Organizações têm vieses políticos, mas podem ser objetivas
"É esperado que elas tenham um comportamento de observar o fato em si, que é o processo eleitoral, e, a partir dessa observação, avaliar o quanto houve interferência [...]. Esse é o papel dessas organizações. Se há outros interesses por trás, a gente só pode avaliar depois do processo realizado", avalia Braga.