Panorama internacional

Membro da OTAN promete bloquear candidaturas de Suécia e Finlândia caso continue sendo posto de lado

Zagreb planeja cobrar maior envolvimento da União Europeia (UE) e dos EUA com suas demandas para não utilizar sua "bala de prata" contra adesão dos países nórdicos à Aliança Atlântica, disse o presidente croata.
Sputnik
A adesão da Finlândia e da Suécia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) é "charlatanismo muito perigoso" e equivale a provocar a Rússia, disse o presidente croata, Zoran Milanovic.
Na última terça-feira (26), Zagreb afirmou que vai se recusar a ratificar sua adesão até que os EUA e a União Europeia (UE) pressionem a vizinha Bósnia e Herzegovina a garantir aos croatas étnicos seus direitos básicos de voto, acrescentou Milanovic.
"No que me diz respeito, eles podem entrar na OTAN, podem cutucar o olho do urso raivoso com uma caneta", disse Milanovic a repórteres em Zagreb na terça-feira.
"No entanto, até que a questão da lei eleitoral na Bósnia e Herzegovina seja resolvida, até que os americanos, ingleses, alemães – se puderem e quiserem – obriguem Sarajevo e Bakir Izetbegovic a atualizar a lei eleitoral nos próximos seis meses e conceder aos croatas seus direitos elementares, o Sabor [parlamento croata] não deve ratificar a admissão de ninguém à OTAN", acrescentou.
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A OTAN não pode admitir novos membros sem a aprovação dos atuais, apontou Milanovic, acrescentando que vê o papel da Croácia neste momento como "uma bala de prata histórica".
"Deixem o presidente ou secretário de Estado dos EUA ouvirem isso agora. Vamos ver o que eles podem fazer pela Croácia. Estou farto deles ignorando e negligenciando um membro da OTAN e da UE e marginalizando a Croácia", disse Milanovic, acrescentando que se os EUA e seus aliados da Europa Ocidental quiserem os dois países escandinavos na OTAN, "eles vão ter de ouvir a Croácia".
A maior queixa da Croácia é o atual sistema eleitoral na vizinha Bósnia e Herzegovina, que tem uma comunidade étnica croata reconhecida como igual pela Constituição de 1995 que encerrou a guerra civil. Zagreb insiste em atualizar a lei eleitoral para que os croatas na Bósnia possam eleger seus próprios representantes, em oposição à prática atual de tê-los eleitos pela comunidade muito maior de muçulmanos bósnios, também conhecidos como bosniaks.
Além da Bósnia, Milanovic listou algumas das outras queixas de Zagreb, como a recusa da UE em admitir a Bulgária e a Romênia no espaço Schengen (acordo de passagem de fronteira), a falta de reconhecimento da província separatista sérvia de Kosovo e nenhum progresso nas negociações da UE com a Albânia e a Macedônia do Norte – que até mudou de nome recentemente para superar as objeções da Grécia, sem sucesso.
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"Não estamos pedindo que a Finlândia ou a Suécia mudem seu nome para Ikea, apenas para dizer aos americanos que essas coisas precisam ser resolvidas", afirmou o líder.
A Suécia e a Finlândia historicamente neutras fizeram movimentos para ingressar na OTAN nas últimas semanas, citando o conflito entre Rússia e Ucrânia.
A Croácia tornou-se membro da OTAN em 2009 e aderiu à UE em 2013, quando Milanovic era primeiro-ministro. O político social-democrata é presidente desde outubro de 2020. Não está claro, no entanto, se sua ameaça de vetar a expansão da OTAN vai funcionar na prática, já que o partido nacionalista HDZ tem a maioria parlamentar.
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