Na quinta-feira (28), o presidente Biden pediu a vultosa cifra ao Congresso dos EUA em financiamento suplementar de "emergência" para apoiar a Ucrânia, incluindo US$ 20 bilhões (R$ 98,3 bilhões) para assistência militar.
Até agora, o pacote parece ter conquistado amplo apoio bipartidário entre os legisladores americanos. O pedido se soma a cerca de US$ 4 bilhões em ajuda militar que o governo Biden já comprometeu com a Ucrânia, dos quais US$ 3,4 bilhões vieram depois que a Rússia lançou sua operação militar no final de fevereiro.
"O impacto mais imediato será enriquecer ainda mais os acionistas das indústrias de defesa dos EUA e os políticos que representam seus interesses em Washington", disse à Sputnik o coronel, historiador e estrategista aposentado do Exército dos EUA Douglas Macgregor.
Com poucas exceções, acrescentou ele — que é ex-assessor do Pentágono do governo Trump —, a maioria dos equipamentos e armas a caminho da Ucrânia terá "no máximo" um efeito modesto nos combates no leste da Ucrânia.
"Os russos sabem onde o material será armazenado e como será enviado para o leste. Como resultado, grande parte será destruída ou ficará em armazéns isolados a centenas de quilômetros do local da ação", avaliou Macgregor.
Já o historiador e comentarista político Dan Lazare vê a alocação de US$ 33 bilhões como um sinal de que a guerra está se transformando de um conflito regional para um conflito internacional envolvendo a OTAN e os Estados Unidos.
"Quanto mais combustível Biden joga no fogo, maior a probabilidade de a guerra se espalhar além de seus limites originais", avaliou Lazare.
Ele acrescentou que há uma chance de que o resto da aliança da Otan mergulhe no conflito.
"Se assim for, é 1914 novamente - só que desta vez com armas nucleares. Isso é uma loucura, desnecessário dizer", disse.
Enquanto isso, acrescentou Lazare, quanto mais Biden tenta superar seus problemas em casa, mais agudos eles se tornam.
E agora, disse o especialista, Biden parece estar depositando suas esperanças em algum tipo de "vitória épica na Ucrânia".
"Mas isso obviamente não vai acontecer, já que a Rússia controlará toda a parte sul e leste do país, ou a guerra se transformará em um impasse longo e sangrento", disse Lazare.
Lazare acredita que 95% da culpa sobre o conflito ucraniano recai sobre os democratas norte-americanos, que estão em uma cruzada anti-Rússia há pelo menos uma década.
"Palavras têm consequências. São anos de ataques ao Kremlin que finalmente levaram a um real conflito europeu que está fora de controle."