Andrei Melnik, embaixador da Ucrânia na Alemanha, recusou-se em uma entrevista à rádio Deutschlandfunk a pedir desculpa a Olaf Scholz, chanceler alemão, por o chamar de "salsicha de fígado ofendida".
A expressão, que em alemão significa ser ofendido por nada, foi proferida pelo embaixador na terça-feira (3) em resposta à recusa de Scholz em visitar Kiev, que, por sua vez, citou como justificativa o caso do presidente alemão Frank-Walter Steinmeier, que já revelou não querer viajar à capital ucraniana.
O caso foi resolvido desde então, mas Melnik acredita que era necessário algo mais que desculpas.
"Não se trata de pedir desculpa, trata-se de fazer a política correta nestes dias", argumentou ele no artigo publicado nesta sexta-feira (6).
O representante ucraniano afirmou que eram os "contos da carochinha" sobre a Alemanha ajudar a Ucrânia com armas pesadas que deviam estar na ribalta, e não seus comentários sobre Scholz, insistindo que apesar das promessas, Berlim fez pouco para ajudar Kiev militarmente. Andrei Melnik citou os casos dos EUA, Reino Unido e até a "pequena Estônia" como países que forneceram mais armas à Ucrânia.
Vários legisladores alemães têm pedido que Melnik fosse expulso por seus comentários controversos, que incluem ainda ter exigido em janeiro armas pesadas à Alemanha devido à sua "responsabilidade histórica eterna pela Ucrânia devido à tirania nazista", e até a ameaça de 2021 de obter armas nucleares se o país não fosse admitido à OTAN.
A Rússia advertiu repetidamente os países ocidentais contra o envio de armas para a Ucrânia, dizendo que o envio perpetua o conflito e mina as negociações entre Moscou e Kiev, que têm o objetivo de parar as hostilidades. Moscou acusou o Ocidente de estar pronto para combater a Rússia "até o último ucraniano".
Vladimir Putin, presidente da Rússia, ordenou o início da operação militar especial em 24 de fevereiro, em resposta a um pedido de assistência das repúblicas de Donbass, notando que a Rússia não tinha outra escolha e foi "forçada" a responder para acabar com o "genocídio" da população russófona da região.