A possível adesão da Finlândia e da Suécia à OTAN seria prejudicial à sua segurança e à da Europa, advertiu Oleg Stepanov, embaixador da Rússia em Ottawa, Canadá, à Sputnik.
"A Finlândia e a Suécia serão colocadas em uma posição em que terão de tratar a Rússia como um adversário. Como resultado, os russos deverão mudar sua percepção dos países anteriormente neutros como uma cabeça de ponte de ameaça da OTAN. Com esse paradigma também pode-se esquecer o status não nuclear do Báltico", comentou Stepanov.
O embaixador russo apontou que Moscou sempre respeitou as tradições da democracia sueca e seu não alinhamento militar, que permitiram que o país florescesse. Stepanov também elogiou a posição historicamente neutra da Finlândia, que, "mesmo durante os dias mais negros da Guerra Fria, mostrou ao mundo como construir pontes para benefício mútuo sobre as diferenças ideológicas".
"E agora o quê? As burocracias dos EUA e da OTAN estão usando várias táticas para estimular certos campos políticos na Finlândia e na Suécia de forma a persuadir os dois países a abandonar um modo de vida pacífico e transformar o norte da Europa de uma zona de não alinhamento militar, estabilidade e prosperidade em outro potencial teatro de guerra", defende o embaixador russo.
Stepanov questionou se Helsinque e Estocolmo realmente querem ser arrastadas "para uma marcha geopolítica dos EUA contra a Rússia".
"Somos vizinhos e o preço da responsabilidade para nós os três é muito mais alto do que para os ideólogos em Washington", sublinhou o alto diplomata.
A Finlândia e a Suécia, que nunca integraram a OTAN, apesar de parcerias com a aliança, começaram a discutir a possibilidade de desistir de anos de neutralidade e aderir ao bloco militar em meio à operação militar da Rússia na Ucrânia. Jens Stoltenberg, secretário-geral da Aliança Atlântica, disse que ela acolheria a Finlândia e a Suécia e garantiria que elas pudessem se juntar rapidamente.
A OTAN espera que os dois países europeus tomem suas próprias decisões sobre uma possível adesão à aliança nos próximos "meses e semanas", disse Julianne Smith, representante permanente dos EUA na OTAN, e acrescentou que os EUA acolheriam de bom grado a adesão da Suécia e da Finlândia ao bloco.
A Rússia tem repetidamente observado que a OTAN tem como objetivo o confronto. Dmitry Peskov, porta-voz presidencial russo, disse que uma nova expansão da aliança não traria mais segurança para a Europa e que a OTAN tem uma natureza agressiva. Ao mesmo tempo, ele afirmou não considerar a possível adesão da Suécia e da Finlândia à OTAN uma ameaça existencial para Moscou.