Arqueólogos descobriram em uma parede de rocha de um complexo subterrâneo na Turquia uma peça de arte rupestre da Idade do Ferro que remonta ao início do primeiro milênio a.C.
O achado é o primeiro exemplo conhecido de um relevo rochoso do período neoassírio com inscrições em aramaico e revela como duas civilizações foram capazes de se integrar através da cultura compartilhada.
Na terça-feira (10), a revista Antiquity publicou um artigo em que uma equipe de arqueólogos revelou esta descoberta rara por baixo de uma casa no sudeste da Turquia. A obra rupestre de aproximadamente 3.000 anos foi descoberta pela primeira vez em 2017 por saqueadores que invadiram o complexo subterrâneo composto por passagens que se estendem por dezenas de metros, escadas e galerias esculpidas na rocha.
Arte neoassíria antiga foi descoberta em um complexo de túneis subterrâneos escondidos sob uma casa na Turquia. Ela mostra uma "procissão divina" de deuses assírios e locais, indicando uma abordagem de poder brando assírio na ocupação da região.
O complexo foi encontrado a 30 metros da entrada de uma passagem secreta, criada por saqueadores, sob uma moderna casa de dois andares no povoado de Basbuk. Após os saqueadores serem capturados pela polícia, eles revelaram a descoberta a uma equipe de arqueólogos.
De acordo com pesquisadores, a peça de cerca de 3,6 metros de largura é uma cena de procissão liderada pela principal deidade masculina Hadad, o deus da tempestade da Mesopotâmia, que é muitas vezes retratado segurando raios na mão. Além de Hadad, a obra exibe sete deidades: uma deusa semelhante a Istar, o deus da Lua Sin, deusa Atargatis. Atrás deles, os pesquisadores conseguiram identificar Samas, deus do Sol, e outras divindades.
As representações combinam símbolos de significado religioso sírio-anatólicos com elementos de representação assíria, escreve CNN.
"Eu me senti como se estivesse em um ritual", disse Mehmet Onal, autor principal do estudo, chefe do departamento de arqueologia na Universidade de Harran e o primeiro a observar a descoberta. "Quando eu fui confrontado com os olhos muito expressivos e o rosto majestoso e sério do deus da tempestade Hadad, senti um ligeiro tremor no corpo", acrescentou.
Os pesquisadores acreditam que a elaboração desta peça de arte rupestre e a construção do complexo subterrâneo pararam inesperadamente no início do século VIII a.C.