Em entrevista nesta quinta-feira (19) ao Morgenpost, o embaixador ucraniano em Berlim, Andrei Melnik, voltou a atacar o governo alemão, acusando-o de falta de compromisso e cooperação com a Ucrânia.
As autoridades alemãs, segundo Melnik, "não querem ser arrastadas para a guerra, querem manter sua prosperidade", acrescentando que "muitas pessoas na Alemanha desejam viver como uma grande Suíça no meio da Europa. Eles querem mostrar solidariedade com a Ucrânia, mas não fazem muito".
O embaixador ainda falou sobre o envio de armas pesadas a Kiev pelo governo alemão, afirmando que "21 dias se passaram desde esta decisão histórica, e desde então, a Ucrânia não recebeu armas pesadas da Alemanha".
"Em 26 de abril, no entanto, foi feita a promessa em Ramstein de entregar 50 tanques antiaéreos do tipo Gepard. Contudo, este tópico está quase fora da mesa porque ainda não há munição para os tanques Cheetah", continuou.
Em seguida, a mídia perguntou ao embaixador se o Ministério da Defesa alemão "promete-lhe armas sabendo que não há munição para elas".
"Foi definitivamente uma decisão estranha. A ministra da Defesa, Christine Lambrecht, tinha algo a oferecer em Ramstein. A Ucrânia precisaria dos tanques Cheetah. Já havíamos levantado a questão das munições com o Governo Federal na segunda semana da guerra. A resposta então foi: não há. Mas uma pesquisa será feita. Esse é o status até hoje", respondeu.
Recentemente, Melnik criou polêmica no início do mês após atacar o chanceler, Olaf Scholz, usando uma frase coloquial em alemão que significa literalmente "brincar de salsicha de fígado ofendida".
Entretanto, na entrevista de hoje (19), afirmou que "não queria ofender ninguém", mas que "as pessoas estejam sempre procurando desculpas para não tomar uma decisão necessária".
"Não era minha intenção ofender ninguém. Mas achei estranho que as pessoas estejam sempre procurando desculpas para não tomar uma decisão necessária, como a entrega de armas pesadas à Ucrânia, ou adiá-la. Muitos ucranianos estão surpresos que o chanceler Olaf Scholz ainda não tenha viajado para Kiev. É de se perguntar por que o chefe de governo de um dos parceiros mais importantes da Ucrânia no mundo ainda não fez esta importante visita", afirmou.
Por fim, o embaixador falou de forma franca sobre o governo de Scholz: "A Alemanha não precisa dizer: queremos ajudar os ucranianos. Também poderia dizer: esta não é a nossa guerra. Queremos mantê-lo como a Suíça".