Segundo Elena Landau, economista e ex-diretora de Privatizações do BNDES, as trocas constantes do presidente, Jair Bolsonaro (PL), na Petrobras não têm como intuito resolver o grave problema da inflação do país, mas sim gerar estratégias para criar um choque de preços mirando o ano eleitoral.
Em entrevista ao jornal O Globo nesta quarta-feira (25), a economista ainda afirma que se o presidente quisesse mesmo resolver o problema dos preços dos combustíveis para quem precisa, ele já teria o feito através de subsídios, e que a real intenção é entegrar a estatal para o centrão.
"Bolsonaro não tem interesse nenhum em resolver o problema dos preços dos combustíveis para quem precisa. Se ele tivesse, já teria feito. Vários países já fizeram subsídio para pessoas que dependem disso para trabalhar no dia a dia. O que ele quer é intervir na empresa e retomá-la para entregá-la ao centrão", afirmou Landau citada pela mídia.
Prova disso, seria o fato de que o presidente da Câmara dos Depuatados, Arthur Lira (PP), já está com "Lei das Estatais na gaveta", e a estratégia do mandatário "se parece com a aplicada pela ex-presidente, Dilma Rousseff".
"Bolsonaro já ameaçou mudar o Estatuto da Petrobras. Arthur Lira já está com a mudança da Lei das Estatais na gaveta. Tudo isso é para fazer exatamente o que a Dilma fazia na Petrobras, é o mesmo tipo de pensamento."
Questionada sobre o que poderia ser feito para diminuir a alta dos preços dos combustíveis, Landau afirma que o governo poderia "ter usado os lucros da Petrobras para fazer uma política pública de qualidade" e que em vez de "brigar" com estados por conta do ICMS, "poderia ter feito um acordo para usar arrecadação para subsidiar transporte público".
"Toda vez que Bolsonaro abre a boca com ideias estapafúrdias, piora a situação. O valor da Petrobras cai, os lucros e a distribuição de dividendos diminuem [...] O que ajuda a manter a inflação em alta é a instabilidade causada por Bolsonaro quando abre a boca", declarou.
Em sua visão, o atual governo replica a política do PT de "tomar conta da empresa".
"A Petrobras já transaciona na bolsa muito abaixo do seu valor potencial. O que Bolsonaro quer é tomar conta da empresa exatamente como foi feito em governos do PT. Vai entregar a diretoria aos amigos. A medida aqui é intervir com fins eleitoreiros", conclui.