Nesta terça-feira (31), a China divulgou o Documento de Posição sobre Respeito Mútuo e Desenvolvimento Comum com os Países Insulares do Pacífico, revelando os propósitos do pacto regional, o primeiro desse tipo, em 15 pontos.
Ao sediar a segunda reunião de ministros das Relações Exteriores China-Países Insulares do Pacífico em Fiji, na segunda-feira (30), o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, prometeu trazer um documento para "continuar a se envolver em discussões ativas e práticas para construir mais consenso" sobre o pacto regional.
O pacto regional está planejado com dez nações do Pacífico – Samoa, Fiji, Tonga, Kiribati, Papua-Nova Guiné, Vanuatu, Ilhas Salomão, Niue, Micronésia e Ilhas Cook.
O documento não mencionou o livre comércio ou policiamento conjunto, mas prometeu apoiar "segurança abrangente, cooperativa e sustentável" para promover a paz e a segurança regionais nos signatários do acordo.
Além disso, também propôs cooperação em segurança cibernética e ameaças de segurança não tradicionais, características críticas do projeto de acordo.
Pequim propôs nomear um "enviado especial para os assuntos dos países insulares do Pacífico" e apoiar as companhias aéreas para lançarem voos entre a China e os países do Pacífico depois que a COVID-19 esteja sob controle.
O documento se concentrou principalmente em várias medidas relacionadas à agricultura, saúde, setor marinho e comércio para aumentar significativamente a renda da região, onde um quarto da população total ainda vive abaixo da "linha de pobreza das necessidades básicas" (o Banco Mundial considera US$ 1,90 por dia, o equivalente a R$ 9, como o limite mínimo de renda para uma pessoa sobreviver).
Além dos tópicos mencionados, a China também planeja estabelecer o Instituto Confúcio e a Sala de Aula Confúcio nos países do Pacífico para explorar a cooperação cultural.
Em comentários velados direcionados ao Ocidente, Pequim pediu respeito pela "independência, soberania e integridade territorial" das nações insulares do Pacífico.
Os EUA e seus aliados do Pacífico estavam preocupados com o pacto regional proposto, observando que o acordo está sendo promovido pela China de maneira não transparente. A China alertou o Ocidente para não interferir nas decisões tomadas pelas nações do Pacífico.
Na segunda-feira (30), o Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que as nações insulares do Pacífico chegaram a um "novo e amplo consenso" sobre o aprofundamento da cooperação com a China, "dando um passo importante para chegar ao acordo final".
O embaixador da China em Fiji, Qian Bo, admitiu que novas discussões vão ser realizadas, já que os membros têm "algumas preocupações em algumas questões específicas" sobre o acordo regional proposto.
O primeiro-ministro de Fiji, Bainimarama, disse que a reunião conjunta de ministros das Relações Exteriores manteve uma abordagem de "consenso em primeiro lugar" quando se trata de "acordos regionais".
Antes da reunião, o presidente da Federação dos Estados da Micronésia, David Panuelo, havia declarado que as nações do Pacífico deveriam rejeitar o plano, temendo que ele pudesse desencadear uma nova "guerra fria" entre a China e o Ocidente.