A OTAN não está inclinada a dar à Rússia nenhuma garantia de segurança sobre a implantação de armas nucleares nos territórios de seus dois possíveis membros, Finlândia e Suécia, disse o vice-secretário-geral, Camille Grand.
"Todo país é livre no campo nuclear para implantar ou não essas armas. Não estamos falando em estabelecer algumas restrições de princípio às possíveis ações da aliança", disse o funcionário da Aliança Atlântica à emissora suíça RTS, em entrevista publicada nesta terça-feira (7).
"Cada país membro da OTAN decide esta questão soberanamente. E agora não há essa pergunta. Mas não acho que na situação atual seja necessário dar à Rússia qualquer garantia quanto à nossa postura militar na região", disse Grand.
Historicamente neutros, Finlândia e Suécia lutam para se juntar à OTAN em meio ao conflito em andamento entre Rússia e Ucrânia, desde que Moscou lançou sua operação militar especial em atendimento ao pedido de ajuda das repúblicas populares de Donetsk (RPD) e Lugansk (RPL) diante do não cumprimento dos termos dos acordos de Minsk, assinado em 2014, por parte do regime de Kiev.
Desde então, o Kremlin exigiu que a Ucrânia se declarasse oficialmente um país neutro que nunca ingressará na OTAN. Grand disse que a potencial adesão da Ucrânia ao bloco não está atualmente na agenda, e que o conflito em curso deve ser resolvido antes que Kiev "seja capaz de decidir por si mesma como quer se posicionar na arquitetura de segurança europeia".
Tanto a Finlândia quanto a Suécia, apesar da neutralidade declarada, mantêm laços estreitos e cooperação militar com o bloco liderado pelos EUA há décadas. "São dois parceiros muito próximos que vêm com capacidades militares significativas. Eles também trazem conhecimento da região dos mares Báltico e Nórdico", disse Grand.
A potencial adesão das duas nações ao bloco, no entanto, está em um impasse, já que a Turquia, um importante país da OTAN, se opõe firmemente à sua proposta de adesão. Ancara acusou os dois países de serem "hospedagens de organizações terroristas" por hospedarem membros de grupos curdos ilegais. A Turquia agora quer que Helsinque e Estocolmo reprimam o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e outros grupos que considera terroristas, além de entregar alguns suspeitos a Ancara. Entre outras demandas, Ancara também quer que os dois países levantem as restrições ao comércio de armas com a Turquia.
Grand expressou a esperança de que as diferenças entre a Turquia e os dois possíveis Estados-membros sejam resolvidas antes da próxima cúpula da OTAN agendada para o final de junho.
"Esperamos que as diferenças sejam resolvidas a tempo da cúpula. É importante levar em consideração as preocupações da Turquia", afirmou Grand.