Além disso, Merkel afirmou que a iniciativa pela paz intermediada pela Alemanha "deu" tempo para Kiev se preparar política e militarmente para enfrentar a Rússia.
O bloco militar liderado pelos EUA reconheceu formalmente as aspirações da Ucrânia e da Geórgia na Declaração da Cúpula de Bucareste de 2008, concordando com a adesão dos dois países, mas não colocou estes planos em prática devido a objeções da França e da Alemanha.
"Minha avaliação é muito clara: se o Plano de Ação de Adesão tivesse ido para a frente, [o conflito na Ucrânia] teria acontecido muito antes", afirmou Merkel.
A ex-chanceler ainda adicionou que "ao mesmo tempo, a Ucrânia era um país governado por oligarcas e. por isso, não podia simplesmente dizer 'Ok, amanhã vamos levá-los à OTAN".
Após o golpe de Estado em 2014 em Kiev, o governo Merkel, junto com a França, apoiou o Acordo de Minsk, assinado para regularizar o status das regiões de Donetsk e Lugansk na Ucrânia.
Em 2019, foi assinada a chamada Fórmula Steinmeier'', segundo a qual essas regiões deveriam realizar um referendo de acordo com as leis ucranianas e a supervisão da OSCE, devendo em seguida obter o status de autogoverno e passar o controle de suas fronteiras a Kiev.
De acordo com Merkel, o acordo incorporado em uma resolução do Conselho de Segurança da ONU acalmou o assunto e deu tempo à Ucrânia, sete anos, para se desenvolver.
Merkel ainda diz condenar a ação russa na Ucrânia, porém enfatizou que é preciso "encontrar uma maneira de coexistir apesar de todas as diferenças", pois países como a Rússia e a China são grandes demais para serem isolados ou "ignorados".