O presidente da corte, Germán Ramos, leu a sentença citando crimes de violação de deveres, resoluções contrárias às leis do país e à Constituição Política do Estado (CPE, na sigla em espanhol), cometidos na ascensão da ex-presidenta ao poder, em novembro de 2019, após a renúncia de Evo Morales. Na ocasião, Morales havia conquistado um novo mandato como chefe de Estado, mas foi forçado a renunciar.
Após mais de sete horas de deliberação, o tribunal também condenou a dez anos de prisão o ex-general de polícia Yuri Calderón e o ex-comandante-chefe das Forças Armadas Williams Kaliman Romero, ambos atualmente foragidos.
A parte acusadora, formada pelo Ministério Público, a procuradoria-geral da República, o ministério do governo e o Senado, pediram, em suas alegações finais, 15 anos de prisão para Áñez e os outros seis réus, membros da polícia e do alto comando militar.
Dois generais das Forças Armadas, Sergio Orellana e Jorge Fernández Torranzo, que também estão foragidos, foram condenados a quatro anos de prisão.
Já os soldados Jorge Mendieta Ferrufino e Flavio Arce San Martín foram sentenciados a dois e três anos, respectivamente.
O golpe de 2019
Em novembro de 2019, Añez assumiu temporariamente a presidência da Bolívia em meio a uma crise política e social, em que o ex-presidente Evo Morales (2006-2019) foi pressionado a renunciar devido a mobilizações cívicas, rebelião policial e sugestão das Forças Armadas bolivianas (FFAA, na sigla em espanhol).
Em outubro de 2020, após a realização de novas eleições, Luis Arce, candidato aliado de Evo Morales e atual presidente, venceu a disputa em primeiro turno, com uma vantagem superior a 26 pontos sobre o principal adversário, o ex-presidente Carlos Mesa (2004-2005).