As democracias do mundo precisam criar uma versão econômica do Artigo 5º da OTAN sobre defesa mútua militar para se defenderem da agressão de "valentões" econômicos como a Rússia e a China, sugeriu na quinta-feira (9) Anders Rasmussen, ex-secretário-geral da OTAN (2009-2014).
" [...] Propomos um Artigo 5º Econômico entre as democracias para combater a coerção autoritária. Nossa proposta é inspirada no Artigo 5 da OTAN, que estabelece que um ataque militar a um aliado é considerado um ataque a todos. O objetivo é obter a mesma dissuasão e solidariedade na área econômica entre as democracias que a OTAN obtém na área da segurança", sugeriu Rasmussen.
"Os valentões respondem à força e exploram a fraqueza. A possibilidade de uma resposta coordenada os faria pensar duas vezes antes de agir", escreveu Rasmussen em um texto publicado pelo Conselho de Chicago sobre Assuntos Globais, um think tank neoliberal, e escrito em conjunto com Ivo Daalder, ex-embaixador dos EUA na OTAN e presidente do think tank.
Segundo o texto, o mecanismo econômico poderia operar como uma "aliança de democracias" em forma de reuniões e acordos, possivelmente através do formato da Cúpula pela Democracia de Washington, para "assegurar o apoio conjunto a outras democracias" no caso de "coerção econômica por uma autocracia" e a criação de linhas alternativas "democráticas" de crédito e cadeias de abastecimento para ajudar as empresas a suavizar os danos de retirada de grandes mercados "autocráticos".
Os EUA e seus aliados têm sido acusados durante décadas de usar medidas semelhantes, particularmente com a imposição das chamadas "sanções secundárias", ou seja, restrições que atingem não apenas um país individual, mas qualquer outro país que faça negócios com eles.
Em uma entrevista publicada na sexta-feira (10) pelo jornal Financial Times, Daalder disse que a proposta dele e de Rasmussen foi vista pela administração Biden, pelo Tesouro, pelo Departamento de Estado dos EUA e por funcionários da UE.
"Estes são interesses geoestratégicos [...] que podem ter que superar os interesses econômicos de uma forma que provavelmente não foi possível nos últimos 30 anos, mas precisa ser possível nos próximos" anos, acredita ele.