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Restos mortais localizados e apontados por assassino confesso são de Dom Phillips, confirma PF

O comitê de crise da Polícia Federal (PF) do Amazonas confirmou que um dos corpos localizados nas buscas pelo jornalista britânico Dom Phillips e pelo indigenista Bruno Araújo Pereira é de Phillips, correspondente do jornal inglês The Guardian. A confirmação foi feita por meio de nota da PF no fim desta sexta-feira (17).
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A localização dos restos mortais foi feita após informações do paradeiro dadas pelo pescador Amarildo da Costa Oliveira, o "Pelado", que confessou ter assassinado o repórter e o indigenista, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), na região do Vale do Javari, norte do Amazonas.
Os corpos localizados estão sendo periciados no Instituto Nacional de Criminalística da PF.
O indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira, em março de 2019
Além de Pelado, seu irmão Oseney da Costa de Oliveira, o "Dos Santos", também está preso sob suspeita de participação no crime de repercussão internacional. Outros três possíveis cúmplices estão sendo investigados.
Em nota, a PF informou que a identificação do corpo de Phillips foi feita com base em um exame de odontologia legal combinado com técnicas de antropologia forense.
A identificação do segundo corpo, que seria de Pereira, segue em andamento.

"Encontram-se em curso os trabalhos para completa identificação dos remanescentes [humanos], para a compreensão das causas das mortes, assim como para indicação da dinâmica do crime e ocultação dos corpos", finalizou o comunicado.

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Mais cedo, a PF divulgou uma nota dizendo que não há indícios de que o duplo homicídio tenha sido cometido mediante ordem de mandantes.
Logo em seguida, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) criticou o comunicado da PF.

“A Univaja não concorda com o desfecho da Polícia Federal que afirma não haver mandante para o crime que culminou na morte de Dom e Bruno. A PF desconsidera as informações qualificadas oferecidas pela Univaja em inúmeros ofícios desde o segundo semestre de 2021, período de implementação da EVU (Equipe de Vigilância da Univaja). Tais documentos apontam a existência de um grupo criminoso organizado atuando nas invasões constantes à Terra Indígena Vale do Javari, do qual Pelado e Dos Santos fazem parte. Esse grupo de caçadores e pescadores profissionais, envolvido no assassinato de Pereira e Phillips, foi descrito pela EVU em ofícios enviados ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal e à Fundação Nacional do Índio. Descrevemos nomes dos invasores, membros da organização criminosa, seus métodos de atuação, como entram e como saem da terra indígena, os ilícitos que levam, os tipos de embarcações que utilizam em suas atividades ilegais", disse a entidade indígena em um texto bastante detalhado.

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Dom Phillips e Bruno Pereira desapareceram no dia 5, após uma incursão pelo Vale do Javari, na Amazônia, região que concentra o maior número de aldeias e tribos de indígenas isolados, ou seja, que pouco ou jamais tiveram contato com a sociedade em geral.
O local também é palco de diversas atividades criminosas, como pesca e garimpo ilegais, além de tráfico de drogas e de armas.
Pereira, que liderou a sede da Funai na região durante nove anos, era exímio conhecedor dos rios e localidades do vale.
Na quarta-feira (15), Pelado, que vinha negando a participação no crime, confessou aos policiais federais que havia matado, esquertejado os corpos e enterrado os cadáveres de Dom e Bruno. Ele indicou a localização dos restos mortais, além de ter feito uma reconstituição do crime.
Cartaz com as imagens de Dom Phillips (à esquerda) e Bruno Pereira, ambos assassinados na Floresta Amazônica em 5 de junho de 2022
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