A especialista compara o apoio que a Casa Branca concedeu à coalizão liderada pela Arábia Saudita em março na guerra civil no Iêmen com o papel norte-americano no conflito desencadeado na Ucrânia. Dessa forma, ela sugere que, embora Washington nunca tenha participado formalmente das hostilidades no Iêmen, a coalizão matou "civis com ogivas fabricadas nos Estados Unidos e escolheu objetivos com a assistência norte-americana".
O papel de Washington no conflito no Iêmen tem sido considerado bastante robusto pelos legisladores norte-americanos, com uma maioria bipartidária de senadores em 2019 o tendo caracterizado como uma violação do primeiro artigo da Constituição – que concede ao Congresso o direito de declarar a guerra – e da Resolução de Poderes de Guerra de 1973 que põe limites às ações militares iniciadas pelo presidente.
"Cruzamos a linha no Iêmen, concluíram os legisladores, embora não esteja de todo claro onde está esta linha. O que temos feito no Iêmen se parece muito com o que estamos fazendo na Ucrânia", resumiu Kristian.
"No mínimo, o que os Estados Unidos estão fazendo na Ucrânia não é uma guerra. Se até agora evitamos chamá-la de guerra, e podemos continuar fazendo-o, talvez seja só porque nos tornamos muito inseguros do significado da palavra", destacou no artigo.
Para confirmar a sua argumentação, a analista chamou atenção para as mudanças no discurso oficial da Casa Branca em relação ao conflito na Ucrânia. "Em março o objetivo dos Estados Unidos era ajudar a Ucrânia a se defender, mas em finais de abril o objetivo se transformou em ver a Rússia 'enfraquecida'".
Vladimir Putin, presidente da Rússia (à direita), e Joe Biden, presidente dos EUA, durante cúpula na Villa La Grange, em Genebra, na Suíça, em 16 de junho de 2021
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Além disso, a pesquisadora lembra que uma parte considerável do pacote de ajuda de US$ 40 bilhões (R$ 207,5 bilhões) de Washington a Kiev está destinada para o envio do armamento e a entrega de dados de inteligência.
Kristian sublinha que antes se podia determinar de modo mais fácil quando um país participava de um conflito, mas agora "a linha entre o que é guerra e o que não é se desfocou de forma perigosa", parcialmente devido aos avanços tecnológicos, tais como o uso de drones e ataques cibernéticos. Estes equipamentos permitem "cometer o que de outro modo poderia se considerar como atos de guerra", explica.