"Infelizmente pode ocorrer um banho de sangue [caso Lasso não queira renunciar ou cumprir as exigências dos povos indígenas]. Isso é muito grave, porque as organizações que estão à frente da greve disseram que, se o presidente não corrigir as políticas, eles vão continuar com suas medidas, e é claro que isso significa uma situação muito séria para o país", disse o ex-chanceler à Sputnik.
O Equador vive uma onda de protestos de grupos indígenas desde o dia 13. Os manifestantes, que bloquearam ruas ao redor do país, criticam políticas econômicas de Lasso, como a concessão de licenças de mineração em terras indígenas, e os preços dos combustíveis. Além disso, eles pedem mais tempo para pequenos agricultores pagarem empréstimos bancários.
O presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), Leonidas Iza, tem mobilizado os grupos por meio das redes sociais.
Companheiros e companheiras do Movimento Indígena, de organizações e de setores sociais mais populares, a #GreveNacionalEquador mantém as medidas de fato até que o governo responda às demandas da greve nacional, popular e plurinacional. // União e força nessa luta.
Em resposta, no último sábado (18), o presidente equatoriano declarou estado de exceção em três províncias do país.
A medida ficará em vigor por 30 dias em Imbabura, Cotopaxi e Pichincha (onde está a capital, Quito), regiões que registraram os maiores protestos.
"Pedi diálogo, e a resposta foi mais violência. Não há intenção de encontrar soluções", afirmou Lasso, em discurso pela televisão, no sábado (18).
O presidente anunciou que aumentará o auxílio a setores mais vulneráveis e subsidiará o custo de fertilizantes em 50% para pequenos e médios fazendeiros. Segundo ele, o banco público do país perdoará empréstimos vencidos de até US$ 3 mil (R$ 15,4 mil, aproximadamente).