O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifeste sobre um pedido para investigar o presidente Jair Bolsonaro (PL). A questão gira ao entorno de sua suposta interferência do presidente na Polícia Federal (PF), durante as investigações sobre o esquema de corrupção no Ministério da Educação (MEC).
A investigação da PF apura um esquema de corrupção que favorecia dois pastores em uma espécie de "bancada de negócios" que atuava na distribuição de verbas do MEC em troca de propina. O ex-ministro da pasta, Milton Ribeiro e os pastores denunciados foram presos na quarta-feira (22) da semana passada e soltos no dia seguinte, por uma decisão da Justiça.
Após a divulgação de uma interceptação telefônica feita pela PF, no dia 9 de junho, o caso tomou novas proporções. Na gravação, Ribeiro diz a uma filha que Bolsonaro havia lhe relatado um "pressentimento" de que o ex-ministro poderia ser usado para atingi-lo, e fala inclusive da possibilidade de ser alvo de busca e apreensão, como de fato foi, dias depois.
O líder da oposição, Randolfe Rodrigues (REDE- AP), após a divulgação do conteúdo da intercepção telefônica, encaminhou pedido de "medidas cabíveis" ao STF para investigar a suposta interferência de Boslonaro. O senador afirmou em seu pedido que há indícios de "suposta nova interferência do Presidente da República JAIR BOLSONARO na Polícia Federal".
O ministro Alexandre de Moraes analisou o pedido e se manifestou dizendo que caberia à PGR decidir se há elementos para abrir uma investigação formal contra Bolsonaro, encaminhando o pedido.
De acordo com o G1, esse é o terceiro pedido que o STF envia para a PGR avaliar se há indícios contra Bolsonaro no escândalo de corrupção do MEC. Os outros dois pedidos enviados pelos deputados federais Reginaldo Lopes (PT-MG) e Israel Batista (PSB-DF) já foram encaminhados à procuradoria pela ministra Cármen Lúcia.
O advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, afirmou à imprensa que Bolsonaro "não interferiu na PF" e que não tem "nada a ver com essas gravações".