Ciência e sociedade

Rover Curiosity da NASA mede pela 1ª vez ingrediente-chave da vida em Marte

Rover Curiosity faz selfie em Vera Rubin Ridge em Marte, 11 de outubro de 2019
As amostras de rochas marcianas coletadas pelo rover Curiosity da NASA mostram sinais de componentes-chave para a vida como a conhecemos na Terra.
Sputnik
Os resultados da pesquisa foram publicados na segunda-feira (27) na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences.
O rover marciano Curiosity perfurou amostras da cratera Gale, o local de um antigo lago em Marte. Usando essas amostras, os cientistas conseguiram, pela primeira vez, medir a quantidade total de carbono orgânico nas rochas marcianas, de acordo com um comunicado da NASA.
O carbono orgânico, que é o carbono ligado a um átomo de hidrogênio, é um pré-requisito para moléculas orgânicas criadas e usadas por todas as formas conhecidas de vida, escreve o portal Space.com. No entanto, o carbono orgânico também pode vir de fontes não vivas, como meteoritos e erupções vulcânicas. Enquanto estudos anteriores detectaram carbono orgânico em quantidades menores em amostras de rocha marciana, as novas medições fornecem informações sobre a quantidade total de carbono em compostos orgânicos.
"O carbono orgânico total é uma das várias medições [ou índices] que nos ajudam a entender quanto material está disponível como matéria-prima para a química prebiótica e potencialmente a biologia", explica Jennifer Stern, autora principal do estudo e cientista espacial do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA em Greenbelt, estado de Maryland.

"Encontramos pelo menos de 200 a 273 partes por milhão de carbono orgânico. Isso é comparável ou até mais do que a quantidade encontrada em rochas em locais [com índice] de vida muito baixa na Terra, como partes do deserto de Atacama na América do Sul, e mais do que foi detectado em meteoritos de Marte", acrescentou.

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As amostras de Marte foram coletadas de rochas de ardósia de 3,5 bilhões de anos na formação Yellowknife Bay da cratera Gale, que o Curiosity tem explorado desde 2012. Os cientistas acham que os sedimentos foram formados através de erosão física e química de rochas vulcânicas, antes de se depositarem no fundo do lago.
No entanto, além do carbono orgânico, os pesquisadores identificaram outros sinais que sugerem que a cratera Gale pode ter suportado vida, incluindo a presença de fontes de energia químicas e compostos químicos como oxigênio, nitrogênio, enxofre e baixa acidez.
"Basicamente, esse local teria oferecido um ambiente habitável para a vida, se ela estivesse presente", explica o comunicado.
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