Mesmo antes de a crise de energia atingir os patamares alarmantes atuais, diversas autoridades do setor industrial alemão alertaram o chanceler Olaf Scholz sobre o risco de cadeias inteiras serem prejudicadas diante da escassez provocada pelas sanções ocidentais ao gás russo.
"Por causa dos gargalos de gás, indústrias inteiras correm o risco de entrar em colapso permanente: alumínio, vidro, indústria química", disse a chefe da Federação Alemã de Sindicatos (DGB, na sigla em alemão), Yasmin Fahimi, em entrevista ao jornal Bild am Sonntag. "Tal colapso teria consequências enormes para toda a economia e empregos na Alemanha."
De acordo com a Bloomberg, a líder sindical afirmou que crise de energia já está levando a inflação a níveis recordes, e ela pede que um teto de preços de energia seja estipulado para as famílias. Fahini conta que os custos crescentes das emissões de CO2 significam ainda mais encargos para famílias e empresas e que a crise de energia pode levar a distúrbios sociais e trabalhistas.
O ministro da Economia, Robert Habeck, disse no último sábado (2) que o governo está trabalhando em maneiras de lidar com os custos crescentes, mas não chegou a dar detalhes sobre as medidas que seriam tomadas. Habeck já havia alertado que o aperto no fornecimento de gás russo poderia gerar uma turbulência mais profunda, comparando a situação ao papel do Lehman Brothers no desencadeamento da crise financeira em 2008.
A Rússia reduziu o fornecimento de gás através do Nord Stream 1 (Corrente do Norte) em 60%, inicialmente por sanções canadenses que foram responsáveis pela retirada de uma peça-chave para o pleno funcionamento do gasoduto. Apesar disso, o gasoduto está programado para um desligamento total neste mês para manutenção previamente agendada.