Em entrevista à Rádio França Internacional (RFI), o comandante da Operação Barkhane, o general francês Laurent Michon, falou sobre o futuro das tropas da França no Mali.
Embora tenha rejeitado qualquer fracasso durante a ocupação de uma década que conviveu com diversos golpes de Estado no país, Michon disse que é preciso mudar o modo de operação.
Segundo ele, as forças francesas no Sahel mudarão o seu modo de operação, agindo "em apoio" às forças locais, em vez de substituí-las. O general afirmou que a "força agora tem pouco mais de 2 mil homens".
O presidente Emmanuel Macron anunciou a retirada em fevereiro, dizendo que a Operação Barkhane continuaria em outros lugares do Sahel, mas de forma menor e reconfigurada.
"Cerca de 2.500 soldados franceses" permanecerão no Sahel quando a operação terminar, "mas isso depende sobretudo da vontade dos Estados africanos", disse Michon.
Estas operações serão "determinadas de forma mais estrita por pedidos dos países africanos, e assumirão a forma de 'apoiar' e não 'substituir' os militares locais", acrescentou.
Quanto à retirada, a França já deixou suas bases em Gossi e Menaka, no centro de Mali, e atualmente está se desvinculando de um acampamento em Gao, disse o general. "Ao todo, 4 mil contêineres e pouco menos de mil veículos devem deixar o Mali", comentou.
Ele explicou que, com a retirada das tropas, a França montou um "quartel-general de parceria" na capital do Níger, Niamey.
'Não é um fracasso'
A França interveio no Mali em 2013 para conter uma revolta apoiada por jihadistas no norte do país. No ano seguinte, lançou a Operação Barkhane mais ampla entre cinco aliados do Sahel, todas ex-colônias francesas - Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia e Níger.
Após quase uma década, o Mali continua com problemas com terrorismo, como apontou Michon em sua entrevista, e atualmente é governada por uma junta militar que se opõe a presença dos franceses na região.
Questionado sobre o comboio francês atacado de forma bastante violenta pela população na última semana, o general respondeu que, "infelizmente, a manipulação de populações é sempre possível ou mesmo provável. Na verdade, até foi comprovado, inclusive no Mali, por alguns que tentam manipular uns aos outros fazendo as pessoas acreditarem em enormes mentiras como: estamos armando os GATs [grupos terroristas armados]".
"Do meu ponto de vista, o desligamento [do Mali] não é um fracasso", disse Michon.
No seu auge, a missão tinha 5.100 soldados em toda a região, com forças de poder aéreo, transporte e reconhecimento. Cinquenta e oito soldados franceses morreram em Barkhane e sua missão antecessora, Serval.