A fome severa ou moderada afetou 828 milhões de pessoas ao redor do mundo em 2021, o que elevou para 2,3 bilhões o número de pessoas atualmente afetadas pela insegurança alimentar. O número representa 29,3% da população global.
O dado é de um relatório publicado nesta quarta-feira (6) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês), em parceria com o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF, na sigla em inglês), o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo o documento, os dados refletem os impactos da pandemia de COVID-19, que estagnou os esforços da Organização das Nações Unidas (ONU) para cumprir a meta de cessar a pobreza extrema e a fome severa até 2030.
Segundo o relatório, 8% da população (cerca de 670 milhões de pessoas) sofrerão com a fome severa até o fim desta década. A projeção representa um retrocesso aos patamares de 2015. E o cenário pode se agravar por conta do conflito entre Rússia e Ucrânia e das sanções contra Moscou adotadas pelo Ocidente, que afetaram a cadeia global de alimentos.
O documento ressalta que, somado aos eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes, o conflito pode ter implicações potencialmente preocupantes para a insegurança alimentar, afetando especialmente países de baixa renda.
Outro dado apontado pelo relatório é a lacuna de gênero na insegurança alimentar. Cerca de 32% da população feminina global foi afetada pela fome severa ou moderada em 2021, enquanto o percentual entre homens ficou em 27,6%.