O corpo do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, 67 anos, baleado duas vezes enquanto fazia um discurso de campanha na cidade de Nara, na sexta-feira (8), foi levado para sua casa em Tóquio neste sábado (9).
Multidões se reuniram para oferecer condolências em um memorial improvisado perto do local onde o primeiro-ministro que mais tempo esteve no poder foi vítima de um ataque fatal.
A polícia prendeu imediatamente o suspeito do atentado e uma investigação já foi aberta para apurar os detalhes do crime.
O incidente chocou o Japão, onde a violência política tem sido rara nas últimas décadas. Lideranças políticas ao redor do mundo também se manifestaram sobre o caso, expressando condolências ao povo japonês e ao atual primeiro-ministro.
"Eu não acho que ficaria tão chocado se fosse qualquer outro político. Mas Abe tinha influência não apenas no Japão, mas também no exterior, então me sinto chocado e triste", disse o técnico jurídico Yuko Asano, morador de Tóquio.
No Brasil, o Itamaraty decretou luto de três dias junto à divulgação de nota de pesar e o presidente Jair Bolsonaro afirmou que Abe era "um homem afável, inteligente e patriota".
Em uma mensagem ao atual primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, o presidente da China, Xi Jinping, disse estar "profundamente entristecido pela morte repentina de [Abe]", segundo a mídia estatal chinesa.
De acordo com o Financial Times, a emissora estatal CCTV citou Xi dizendo que ele e Abe "chegaram a um importante consenso" sobre as relações de seus países. "Gostaria de trabalhar com o primeiro-ministro [Fumio Kishida] para continuar a desenvolver as relações de boa vizinhança, amizade e cooperação entre a China e o Japão", acrescentou Xi.
No início deste sábado, o atual primeiro-ministro do Japão e o presidente dos EUA, Joe Biden, falaram ao telefone e se comprometeram a herdar "a vontade do ex-primeiro-ministro Abe" de fortalecer a aliança bilateral entre as duas nações.
Analistas especulam que a morte de Abe pode fortalecer o Partido Liberal Democrata de Kishida, devendo sua aprovação subir nas pesquisas do próximo domingo (10). "Devemos mostrar que nossa democracia não cederá à violência", disse o primeiro-ministro.
Segundo a NHK, a polícia local afirma que o suspeito, Tetsuya Yamagami, de 41 anos, alegou guardar rancor contra um "grupo específico" - cujo nome não foi revelado - com o qual ele acreditava que Abe tinha um relacionamento próximo.